Há poucos dias, ficámos a conhecer através do estudo do European Social Survey (ESS) que os Portugueses são dos menos satisfeitos com o estado da economia nacional. Ocupamos o 5º lugar a contar do fim, na lista dos 23 países analisados. Os resultados corroboram a realidade dos números: taxa de desemprego elevada nos 7,8%, com um crescimento económico no primeiro trimestre de 2018 dos mais baixos da Europa, menor que a média da zona euro, menor que a média da Europa e, em abril, segundo o indicador compósito avançado da OCDE, o crescimento da economia nacional travou ainda mais ao cair abaixo dos 100 pontos, indiciando um abrandamento económico mais acentuado.
Contudo e apesar do sentimento negativo reportado com o desempenho na economia, o certo é que o mesmo estudo revelou que Portugal é dos países mais satisfeitos com o governo. O mesmo governo que não soube aproveitar a boa fase de crescimento económico da economia mundial e, em particular, dos nossos principais parceiros, limitando-se a nada fazer para transformar a economia nacional para os novos desafios que estão à porta, já o referi e reforço aqui o aviso, as novas tecnologias, automação, digitalização, inteligência artificial vão provocar uma hecatombe social nos países que não se prepararem.
É o mesmo governo que continua viciado nas cativações, por vezes de forma criminosa, como na saúde,onde constantemente saem notícias de serviços em ruptura por falta de orçamento, sector onde o ministro das finanças afiançou não “haver um único cêntimo de cativações”, mentira que foi desmentida pouco depois no relatório de actividades da DGS de 2017 que referiu “cativações afectaram combate a doenças”.
É o mesmo governo que é o 2º pior pagador entre 29 países da União europeia, demorando mais do dobro do tempo médio a pagar as facturas aos seus fornecedores. É o mesmo governo que aumentou a carga fiscal para o maior nível de sempre, para os 37% do Produto Interno Bruto (PIB). Realço que tendo o PIB aumentado tal significa que a carga fiscal aumentou acima do crescimento do PIB.
É o mesmo governo que desde o início do seu mandato aumentou em 17% a carga fiscal sobre o gasóleo e 6% sobre a gasolina, porquê quase o triplo do aumento no gasóleo? Porque o consumo de gasóleo é quase o quádruplo do da gasolina, ou seja muito mais receitas. Ainda recentemente a Autoridade da Concorrência alertou que a carga fiscal nos combustíveis cria problemas de competitividade, mas o que importa isso para quem nada fez pela economia?
É o mesmo governo que sustenta a existência de uma entidade fiscalizadora da vida política que não tem dotações para fazer o seu trabalho. É o mesmo governo completamente viciado em impostos que está a pensar em colocar taxa de audiovisuais nos postos de abastecimento dos carros eléctricos. É o mesmo governo que pela voz do seu primeiro-ministro referiu o objectivo de criar 25.000 postos de trabalho, cerca de 0,5% da força de trabalho nacional, na area cientifica até 2030! Como sefosse algo de relevante criar um número ridiculamente baixo num espaço tão alargado de tempo quando já hoje esse sector é dos mais importantes.
Portanto caro leitor, não consigo vislumbrar o porquê de estarmos assim tão satisfeitos com o governo. Será porque o de Passos Coelho foi assim tão mau? Certamente que foi ou não teria sido o ingrediente que faltou durante mais de quatro décadas desde o 25 de Abril, para o PCP se juntar ao PS e BE, dois arqui-inimigos de longa data. Será pela capacidade do mágico da “Geringonça”, António Costa, em criar uma ilusão de prosperidade, em conseguir a “lealdade” dos membros da geringonça e mesmo da oposição com cargos em diversas empresas e organismos públicos? Talvez um, talvez os dois pontos, o que é quase certo é que não é pelo seu trabalho, a menos que gostemos de ser pobres, roubados e gozados pela corte política.
Mais dia, menos dia a dura realidade vai bater à porta, andámos a brincar à economia sem fazer nada para a melhorar, muito menos preparar o futuro. Quando as nuvens negras estiveram à vista logo veremos se aceitar uma incompetência, só porque foi menor ou mais habilidosa que a anterior, foi assim tão boa escolha, só que nessa altura já será tarde para mudar de opinião, por isso pergunto, é melhor ser mais exigente hoje ou arrepender amanhã?