Operação Marquês: Granadeiro desmente versão de Sócrates sobre compra da Oi pela PT

O antigo primeiro-ministro José Sócrates terá sido tramado pelo ex-presidente da PT, Henrique Granadeiro, que revelou, no âmbito da Operação Marquês, o esquema montado pelo ex-governante para assegurar a compra da brasileira Oi, por parte da PT. Henrique Granadeiro confirmou que José Sócrates tratou pessoalmente do negócio, tendo recebido luvas de oito milhões de euros do Grupo Espírito Santo (GES), avança o jornal ‘Correio da Manhã’.

O jornal dá conta de que Henrique Granadeiro terá revelado que a compra da brasileira Oi, por parte da PT, foi discutida num jantar realizado na residência oficial do então primeiro-ministro, em São Bento, em julho de 2010. O jantar entre José Sócrates, Henrique Granadeiro e Luciano Coutinho, presidente do banco público brasileiro BNDES e próximo do então presidente do Brasil, Lula da Silva, terá sido oferecido pelo socialista.

A versão do antigo presidente da PT difere da de José Sócrates que indica que o Governo decidiu usar a golden share (participação acionista detida pelo Estado na PT) nas assembleia-geral de 30 de junho de 2010. A ideia de José Sócrates era manter a internacionalização da PT no Brasil e, segundo ele, só teve conhecimento da compra da Oi “mais tarde”, indica o ‘CM’.

O despacho de acusação do Ministério Público consta que “Sócrates sabia, por via do acordo feito com o arguido Ricardo Salgado [ex-presidente do GES] e por via dos contactos que já havia feito com o Governo do Brasil, que o único investimento alternativo possível de realizar no Brasil era o da entrada da PT no grupo Telemar/Oi, o que sabia corresponder aos interesses do arguido Ricardo Salgado”.

À conta disso, José Sócrates terá recebido oito milhões de euros de Ricardo Salgado como pagamento por ter beneficiado os interesses do GES na compra da Oi pela PT, onde tinha participações. O Ministério Público acredita que Ricardo Salgado terá sido o principal corruptor de José Sócrates, tendo pago 21 milhões dos alegados 34 milhões de euros em luvas que o ex-primeiro-ministro recebeu no processo Marquês, além de outras verbas que terão sido pagas de forma indireta.