No dia 9 de maio comemora-se o “dia da Europa”. Neste dia, em 1950, Robert Schuman, ministro dos Negócios Estrangeiros francês, proferiu uma declaração de princípios que viria a impulsionar a posterior criação da Comunidade Económica Europeia (CEE). Nesta declaração, Schuman dizia: “A Europa não se fará de uma só vez, nem de acordo com um plano único. Far-se-á através de realizações concretas que criarão, antes de mais, uma solidariedade de facto.”
Mais de meio século depois, é séria e profunda a crise que a atual União Europeia (UE) está a enfrentar. Crise em termos de valores, de solidariedade e, sobretudo, de ambição para o futuro. A tal situação não será estranha a incapacidade das estruturas europeias (nos seus vários níveis) darem resposta a alguns problemas, como a desigualdade, a pobreza, o desemprego, a falta de ética de algumas “elites” políticas e empresariais – basta lembrar, por exemplo, os mais recentes escândalos financeiros ou a gestão fraudulenta de algumas empresas, como no caso das emissões poluentes na indústria automóvel.
Estes factos são geradores de desconfiança crescente entre os cidadãos e as instituições europeias (e mesmo entre países), incluindo com os seus representantes – os políticos eleitos – que corporizam um status quo em que cada vez menos pessoas se reveem. As ondas de populismo e de intolerância que se verificam em muitos países europeus são disso um reflexo. Era impensável há uns anos a extrema-direita ter os votos de mais de um terço dos eleitores franceses, como ocorreu nas eleições do passado domingo.
Felizmente, em Portugal o populismo de (extrema) direita não tem tido grande aderência. Atualmente temos estabilidade política, resultante de uma fórmula governativa elogiada além-fronteiras, sendo acompanhada pelos bons resultados económicos e sociais de 2016 e que estão a ser reforçados em 2017. Para tal, tem sido importante um Governo e um Presidente da República alinhados no essencial (crescimento baseado na inovação, rigor das contas públicas, maior justiça social e estabilidade política).
Em 2016 ficou demonstrado que não há fatalismos na política económica. Foi possível restituir rendimentos às famílias, aumentar o salário mínimo, diminuir a carga fiscal global, criar incentivos ao empreendedorismo e à inovação; ao mesmo tempo, o investimento das empresas aumentou (sinal de confiança na economia), as exportações cresceram, atingindo um novo recorde (maior competitividade externa), a taxa de desemprego diminuiu (agora abaixo dos 10%), havendo hoje a trabalhar mais 150 mil pessoas do que no início de 2016. E, contrariando muitos “analistas”, 2016 foi o ano do menor défice em democracia.
Em dia da Europa, uma palavra sobre política de educação, dado o seu impacto na formação dos jovens e líderes do futuro. Neste aspeto, de elogiar a ousadia do Ministério da Educação (em Portugal) em dar maior autonomia às escolas para o desenvolvimento de metodologias inovadoras, que estimulem a criatividade, o pensamento crítico, a colaboração e as competências sociais. Os alunos devem ser intervenientes ativos no processo de aprendizagem e não meros recetores de “matéria”. A “escola autocarro” (alunos sentados em filas) está desajustada das necessidades das sociedades atuais. Um ensino interativo e participativo, em que se valorize o aluno, será essencial para que se alcancem melhores aprendizagens e se capacitem os jovens com competências úteis para o seu trajeto escolar, profissional e pessoal. O exemplo da Escola da Ponte mostra que é possível ter um ensino público inclusivo e inovador.