Alexandre Soares dos Santos, uma das figuras de proa do Grupo Jerónimo Martins, revela ser a favor de um salário mínimo “muito mais elevado”. Em entrevista à TVI24, o antigo presidente do Conselho de Administração do grupo português defende esta necessidade de uma maior remuneração base no facto de as pessoas terem “de viver com dignidade” e dá o exemplo do Pingo Doce, onde, afirma, um operador de caixa recebe na razão dos “800 euros” e o ordenado mínimo é “um ponto de partida. São os primeiros seis meses”.
No entanto, ressalva que este aumento de vencimento tem de ser acompanhado de um aumento da responsabilidade dos trabalhadores, mencionando que “nunca se falou da taxa de absentismo em Portugal”, que diz ser “enorme” nas empresas. E acrescenta que esta taxa só não é maior porque a política salarial em Portugal “assenta num vencimento base mais prémios.”
Garantias holandesas
Questionado sobre que motivos o levaram a mudar a sede fiscal do grupo para a Holanda, Soares dos Santos revela que não foram fiscais as razões que levaram à mudança: “Se vamos mudar uma empresa apenas por razões fiscais, não vale a pena estar no negócio.” Para o empresário, a mudança para a Holanda trouxe outras mais-valias, como por exemplo, a cobertura dos investimentos do Grupo pela Constituição local e pelos seus acordos comerciais: “Por exemplo, se eu for nacionalizado na Polónia, o Governo indemniza-me.”
Além destas garantias, mudar-se para a Holanda permitiu ao grupo o acesso a financiamento que não estava a conseguir em Portugal. Soares dos Santos ironiza, afirmando até que “estávamos a precisar de dinheiro e a banca nacional não estava a responder. Desde que estou na Holanda sou recebido no salão principal”.
Governo a trabalhar bem
Reconhecendo que “as coisas estão a correr francamente melhor” e que o Governo está a “fazer muito bom trabalho” no que respeita à descida do défice e à da taxa de desemprego, Soares dos Santos revela-se surpreendido pela positiva com Mário Centeno, acerca de quem tinha “sérias dúvidas” no início do mandato.
Mas defende que é preciso um “consenso sobre que país queremos” e que, para crescer, o país precisa de conseguir “traçar um plano de crescimento sustentado e com uma dívida controlada”, algo que até agora não tem sido conseguido: “Estamos ao sabor das eleições.”, diz, numa economia que apelida como “stop and go”. Soares dos Santos conclui afirmando que “não podemos continuar no stop and go. As empresas não aceitam mais isso”.
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