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Polémica Dijsselbloem: “Foram impostos sacríficios e ele esquece tudo dizendo que anda tudo com os copos?”

Manuela Ferreira Leite, considera que as declarações polémicas do presidente do Eurogrupo sobre os países do sul foram de “uma grosseria sem dimensão” e que este “perdeu o respeito de qualquer pessoa minimamente equilibrada”.
24 Março 2017, 12h44

A ex-ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, considera que as declarações polémicas do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, sobre os países do sul, onde se inclui Portugal, foram de “uma grosseria sem dimensão”. A atual comentadora da TVI afirma que Jeroen Dijsselbloem se deveria demitir, pois “não tem noção de responsabilidade” e lembra que grande parte da culpa pela crise na Zona Euro foi das instituições europeias, incluindo do Eurogrupo.

“Tendo participado em muitos Eurogrupos [nunca ouvi esta linguagem]”, indica Manuela Ferreira Leite. “[As declarações são de] uma grosseria sem dimensão”.

Em entrevista a um jornal alemão, Jeroen Dijsselbloem terá dito que, durante a crise do euro, “os países do norte da Europa mostraram-se solidários com os países afetados pela crise”, advertindo, no entanto, de forma polémica, que os países do sul da União Europeia “não podem gastar o dinheiro em copos e mulheres e logo depois pedir ajuda”.

Manuela Ferreira Leite defende que o presidente do Eurogrupo “perdeu o respeito de qualquer pessoa minimamente equilibrada” e que para as funções que desempenha na Zona Euro é fucral “ser respeitado”, devendo por isso demitir-se imediatamente.

“Se ele não se demitisse e eu fizesse parte desse grupo, saía eu da sala. Não me sentaria ao lado de uma pessoa que não tem noção da responsabilidade [de um cargo destes]”, reitera.

A ex-ministra das Finanças explica ainda que a crise financeira que se fez sentir especialmente nos países do sul, não foi apenas provocada por erros nacionais. Manuela Ferreira Leite lembra que quando a crise rebentou, “a orientação das instituições europeias foi: façam despesa”. Desde o TGV aos aeroportos, a comentadora diz que “não se fez mais porque muitas [ideias] foram travadas”. E acusa: “O erro também é das instituições europeias”.

A ex-deputada social-democrata mostra-se ainda incrédula com o apoio de várias personalidades às declarações do presidente do Eurogrupo, tendo em conta os sacrifícios que milhões de pessoas tiveram de fazer para dar cumprimento das estreitas regras da assistência financeira de Bruxelas.

“É espantoso como há pessoas que concordam com ele. Para concordar com ele é preciso esquecermos os sacrifícios que todos fizeram. Que fizeram de uma forma pacífica, cívica”, afirma. “Esquecem-se os sacrifícios das pessoas? Esquece-se tudo, considerando que anda tudo com os copos? É um desrespeito profundo”.

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