1- Vale a pena ler a entrevista que hoje publicamos nesta edição do JE com o gestor Jorge Marrão, presidente da Missão Crescimento e membro fundador do Manifesto Europa e Liberdade. A entrevista, transmitida também em vídeo no Play It, o canal multimédia do JE, aborda alguns dos principais desafios que teremos de enfrentar enquanto sociedade.

Um desses desafios é o facto de a nossa economia não crescer de forma satisfatória há duas décadas. Feitas as contas, são 20 anos sem saírmos do sítio, não obstante o facto de atualmente vivermos uma fase de um ligeiro crescimento. O qual, apesar de incipiente, tem permitido uma espécie de anestesia geral da população.

Mas uma sociedade anestasiada é uma sociedade que foge à realidade. Não podemos continuar a empurrar os problemas com a barriga e a passar a fatura para os nossos filhos e netos, que herdarão um país endividado, envelhecido e cada vez menos povoado. Não podemos continuar a ser governados por uma classe política que sobrevive em função de clientelas e corporações, comprando os votos de que precisa para conquistar o poder. Não podemos continuar a ter um Estado que devora uma fatia cada vez maior da riqueza produzida pelos portugueses,  sem que ao mesmo tempo procure ser mais eficiente e prestar um melhor serviço aos cidadãos. Até porque, convém não esquecer, é o Estado que existe por causa das pessoas e não o contrário.

Como mudar esta situação? Não será fácil, pois o sistema está montado para que, se algo mudar, que seja para que fique como está.

2- A tecnologia está a mudar a face do setor financeiro e o negócio dos seguros, tradicionalmente visto como conservador e até “aborrecido”, está no início de uma revolução no seu modelo de negócio, como se constatou no Fórum Seguros, o grande encontro do setor, promovido esta semana pelo JE e pela PwC (ver cobertura nas páginas 18 e 19).

Ao contrário da banca, que continua a pagar pelos erros das últimas décadas, as seguradoras portuguesas atravessam uma fase de boa rentabilidade. Mas os desafios são muitos, com crescentes exigências regulatórias e novas tecnologias que prometem mudar para sempre a forma como se comercializam seguros. Ao mesmo tempo, áreas como os seguros automóvel, que hoje representam uma fatia significativa do mercado, poderão desaparecer nos próximos anos, com o advento dos veículos autónomos e novas tendências como o carsharing. E a recolha de dados pessoais, através de aplicações e redes sociais, pode mudar a forma como as empresas avaliam o risco dos clientes.

É um admirável mundo novo, que vai exigir visão, ousadia e capacidade de adaptação, mas também bom senso por parte das empresas, dos reguladores e, claro, dos consumidores.