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Portugal volta a pagar mais para emitir 1.180 milhões em obrigações

A taxa na venda de dívida a cinco anos subiu para 2,753% enquanto no papel a sete anos a ‘yield’ foi de 3,668% O montante emitido ficou perto do máximo indicado.
8 Fevereiro 2017, 10h47

Portugal voltou hoje ao mercado de dívida e voltou a pagar taxas mais altas. O IGCP colocou 630 milhões de euros a cinco anos e 550 milhões a sete anos.

Na dívida a cinco anos a taxa de colocação subiu para 2,753% dos 2,1% num leilão em novembro, enquanto na maturidade mais longa a yield escalou para 3,668% face aos 2,817% registados numa venda em setembro.

“As taxas subiram, mas não é surpresa”, frisou Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa. “Desde final de janeiro que as taxas subiram, não só em Portugal, mas no resto da Europa, num movimento justificado por alguns sinais de inflação que levam os investidores, sobretudo nos prazos mais longos, a protegerem-se de uma eventual subida de juros do BCE este ano ou no próximo”.

O leilão ocorre numa altura em que a yield das obrigações benchmark, ou seja a 10 anos e que é vista como indicador do risco soberano, negoceia perto dos 4,20%, máximos de meados de 2014.  De forma preocupante, esta taxa subiu este ano, ultrapassando a fasquia dos 4%, considerada por muitos analistas como uma ‘linha vermelha’ para a dívida nacional.

A principais razões apontadas para essa subida das taxas incluem a aceleração da inflação na zona euro e os receios sobre o programa de estímulos do Banco Central Europeu (BCE), nomeadamente a expetativa que o BCE comece a reduzir de forma gradual o ritmo de compras de ativos daqui a alguns meses.

Segundo Filipe Silva a incerteza política na Europa está também a causar nervosismo nos mercados.

“As eleições em França e o aumento do risco político em Itália também têm contribuído para a subida generalizada das taxas da dívida soberana europeia. As taxas das emissões de hoje refletem esse movimento, mas mesmo assim ficaram em linha com o que está a ser feito no mercado secundário. Evidentemente subiram face às últimas emissões comparáveis”, vincou Filipe Silva.

 

Escrutínio mais intenso

A procura superou a oferta em 1,5 vezes nas obrigações com maturidade em 2022 (face a 1,9 vezes em novembro) e em 2,02 vezes (face a 1,68 vezes em setembro) nas bonds de 2024.

Orlando Green, trader de dívida no Credit Agricole em Londres, concorda que o aumento do risco politico na Europa está a pressionar as bonds da periferia da zona euro em geral, mas salienta que o escrutínio em relação às emissões portuguesas começa a ser novamente intenso.

“Portugal conseguiu colocar perto do máximo indicado, e isso dá um certo alívio pois estamos a voltar a um cenário que tínhamos há cerca de cinco anos, com um escrutínio grande sobre se num mercado de pouca liquidez portugal consegue colocar os valores que planeia”, disse ao Jornal Económico, salientando que a procura na maturidade a sete anos foi aceitável, mas na da dívida com prazo mais curto foi “apenas modesta”.

Além do risco político e do fim do programa do BCE começar a aparecer no horizonte, há receios que o banco central possa estar a atingir os limites estipulados para a compra de dívida nacional em certas maturidades, um limite de 33% para cada linha.

O banco liderado por Mario Draghi já travou a fundo nas compras de bonds em janeiro para de 688 milhões de euros – menos de metade do pico registado em maio de 2015 (1.451 milhões de euros), confirmando uma tendência descendente desde novembro.

A primeira emissão de OT este ano foi por venda sindicada, no dia 11 de janeiro, com a colocação de três mil milhões de euros em bonds a dez anos com uma taxa de 4,227%. Nessa altura os analistas destacaram a que a yield era superior ao custo médio da dívida (3,4%) e também bastante mais alta do que os  2,875% numa emissão um ano antes.

[Notícia atualizada às 11h01]

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