Um estudo da Universidade de Coimbra concluiu que os sindicatos em Portugal têm de se adaptar à nova realidade laboral “ou estão condenados” a servir “uns poucos, porque a maioria não serão trabalhadores assalariados”. A falta de inovação está ainda a condicionar a identificação dos mais jovens com os movimentos reivindicativos.
“A grande falha do movimento sindical é a de não encontrar formas inovadoras”, explica Dora Fonseca, a autora do estudo aos movimentos sociais e o sindicalismo durante a crise portuguesa, “e isso está a levar ao declínio da sindicalização”.
A investigadora explica que “a imagem do sindicalismo continua muito ligada ao operário — àquela conceção do sindicalismo do século XIX e início do século XX, do operário das linhas de montagem, da produção homogeneizada de base industrial operária” e eterniza a “conceção de luta e de organização”. No entanto, essa ideia está desatualizada tendo em conta a nova realidade social.
Dora Fonseca salienta que nos dias de hoje “o trabalho precário é cada vez mais a norma do que a exceção” pelo que há uma necessidade eminente de reinventar “por completo” as organizações sindicais “organizadas em pirâmide, centralizadas, burocráticas e rígidas” ou ficarão “sem filiados”.
O estudo indica ainda que o sindicalismo português utiliza “um vocabulário muito arcaico” e há “uma grande dificuldade das novas gerações em identificarem-se” com estes movimentos. Dora Fonseca chama à atenção para o facto de centrais sindicais, como a UGT, a CGTP ou a USI, não terem uma presença sólida nas plataformas digitais.
Os sindicatos precisam, por isso, de evoluir “de uma orientação reivindicativa e muitas vezes defensiva para uma orientação que procure abrir novos caminhos emancipatórios”, criando “um modelo de sindicalismo mais dinâmico, descentralizado, horizontal e flexível”.
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