Foi no dia 1 de novembro de 1755 que a capital portuguesa ficou completamente destruída, especialmente na zona da Baixa, devido a um sismo de magnitude 8,5, seguido de um maremoto. Desde então que mais nenhum desastre natural atingiu a cidade nestas proporções.
No entanto, a brevidade de algo semelhante acontecer é discutida por várias especialistas. “Não conseguimos prever quando será o próximo mas quando vier será muito forte”, disse o engenheiro sísmico Mário Lopes, professor no Departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico, ao Diário de Notícias.
“Istambul, na Turquia, é a única cidade europeia pior do que Lisboa a nível de risco sísmico elevado, por causa do impacto: tem 12 milhões de habitantes e uma construção má, pior do que a que existe na capital portuguesa”, acrescentou.
A “falta de prevenção e de fiscalização da construção e da reabilitação de edifícios que não inclui o reforço sísmico das casas, que está previsto num regulamento de 1958”, agrava o risco na capital portuguesa.
O Jornal Económico já tinha noticiado um documentário espanhol que traça um cenário catastrófico para a Península Ibérica. “La Gran Ola”, também aborda o facto de nem os portugueses nem os espanhóis estarem preparados para gerir uma crise desta natureza.
No filme há participações de vários especialistas portugueses. Mário Lopes, professor do Instituto Superior Técnico denuncia a negligência dos governos. “Os políticos sabem que há risco sísmicos e sabem que ele pode ser reduzido, mas não fazem nada.” O alerta está no ar. “No golfo de Cádis há grande falhas que podem originar grandes sismos em qualquer altura”.
Alfredo Campos Costa, chefe do Núcleo de Engenharia Sísmica e Dinâmica de Estruturas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) é da mesma opinião destes especialistas. Ao DN disse que há “um parque de edifícios velhos e desocupados em Lisboa e Setúbal e algumas dessas casas estão a ser reabilitadas. Ou seja, estão a colocar pessoas a viver nessas casas o que é aumentar o risco”.
A proximidade com falhas sísmicas eleva o risco no país, mas a pior zona é mesmo Lisboa, que “está sentada em cima de epicentros”, e “um sismo de magnitude 7 muito perto de Lisboa pode ser pior do que o de 1755, cuja magnitude foi estimada entre 8.5 e 9 (numa escala de 0 a 10)”, explicou ao jornal o engenheiro sísmico Mário Lopes. Alfredo Campos Costa acrescenta ainda que “não temos uma sismicidade elevada mas o risco é alto pela exposição e vulnerabilidade. Enquanto em Itália a sismicidade se concentra nas cadeias montanhosas, em Portugal é em zonas densamente povoadas, como Lisboa e Vale do Tejo e Algarve”.
Segundo o engenheiro sísmico, se ocorrer um sismo forte em Portugal, poderiam morrer entre 20 mil a 30 mil pessoas, “o que seria trágico”. Relativamente ao impacto económico, o responsável do LNEC diz que seria “brutal”, afetando “de 30 a 40 % do Produto Interno Bruto”.
A Autoridade Nacional de Proteção Civil realiza uma ação na sexta-feira (dia 13 de novembro), pelas 10h13, onde durante um minuto vai realizar-se o exercício nacional A Terra Treme, para assinalar o Dia Internacional para a Redução de Catástrofes, relembrando a população de como reagir em caso de sismo.
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