A União Europeia cresceu 2,5% em 2017. Atingiu assim o mais elevado patamar de expansão desde a grave crise de 2008 que, com epicentro inicial na crise do subprime nos Estados Unidos, desestabilizou, em ondas sucessivas, toda a economia ocidental.
A boa notícia, para nós, é que Portugal tem sabido acompanhar a tendência internacional, recuperando terreno e desmentindo as profecias negras dos vendedores de ilusões que ainda há um ano apregoavam a necessidade de renegociarmos a dívida e, inclusivamente, de sairmos do euro como única forma de contornarmos a inevitável “espiral recessiva” de um sistema em derrocada.
Todavia, nenhum destes negros augúrios se confirmou, comprovando que os arautos da desgraça têm vindo a confundir desejos com realidades em matéria económica. Se tais desejos se concretizassem, o nosso futuro seria muito mais sombrio. Fora dos mecanismos de solidariedade da União Europeia, sem acesso à compra da nossa dívida sob a “protecção” do Banco Central Europeu, desligados da moeda única e tendo de pagar as dívidas no regresso ao escudo como divisa nacional, condenaríamos pelo menos duas gerações de portugueses a uma pobreza clamorosa.
Estamos, portanto, no rumo certo. Mas sem motivos para grandes festejos. Porque, segundo as mais recentes estimativas, Portugal registará em 2018 apenas o quinto maior crescimento de todos os países que integram a União Europeia: 2,2%.
Meta demasiado modesta para um povo que já enfrentou tantos sacrifícios e tem, portanto, o direito de esperar dos seus governantes soluções políticas que nos permitam convergir sustentadamente com a média europeia, em lugar de nos afastarmos dela.
Esta meta coloca-nos a grande distância de países como Malta (que em 2018 deverá crescer 5,6%), Roménia (4,5%), Polónia (4,2%), Eslovénia (4,2%), Eslováquia (4%), Hungria (3,7%), Bulgária (3,7%), Letónia (3,5%), Estónia (3,3%) ou República Checa (3,2%).
Nos próprios países que, tal como o nosso, foram sujeitos a programas de assistência financeira nos últimos anos, qualquer deles nos supera. Desde logo a Irlanda (que deverá crescer 4,4% em 2018), mas também a Grécia (2,5%) e Chipre (2,5%). Sem esquecer a economia espanhola, que este ano deverá registar uma expansão de 2,6%.
A razão é simples: estamos a esbarrar no modesto limiar de crescimento potencial do PIB dadas as características da nossa economia. Por outras palavras, pouco ou nada temos feito de reformas estruturais com incidência no nível de competitividade da nossa economia (qualificação dos recursos humanos para as necessidades das empresas, atração sustentada de investimento direto estrangeiro, redução de custos do contexto, etc.) capazes de nos fazer sair deste crescimento anémico.
A cerca de ano e meio do fim desta legislatura, ninguém as vislumbra. Se há “pacto de regime” inadiável, estamos em crer que será precisamente este.