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Setor do betão está a crescer há três anos consecutivos

É entendido como indicador avançado da economia e indicia que o crescimento económico é para continuar, depois de oito anos que fizeram desaparecer mais de três quartos do mercado.
29 Junho 2017, 07h20

A produção de betão em Portugal está a crescer há três anos consecutivos, depois de um período de seis anos em que se registaram quebras recorrentes, fazendo com que mais três quartos do mercado tivessem deixado de existir. A evolução deste setor é entendida como um indicador avançado do comportamento geral da economia – pela sua relação direta com o importante setor da construção – e o percurso que foi feito desde 2014 indicia uma continuação do crescimento económico português.
Os dados da Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto (APEB) mostram que em 2014 a produção de betão em Portugal cresceu 3,7%, face a 2013, para 2,8 milhões de metros cúbicos, pondo fim a uma período de seis anos de quebras consecutivas. Um crescimento que acompanhou a tendência global da economia, que cresceu 0,89%, depois de três anos consecutivos de contracção do produto interno bruto (PIB) português.

O ciclo de crescimento mantém-se e, no ano passado, o mercado global nacional cresceu 9,3%, face a 2015, para 3,5 milhões de metros cúbicos, segundo as estimativas da APEB. Entre os associados da estrutura representativa das empresas do setor, o crescimento foi de 8%, para 2,7 milhões de metros cúbicos. Este crescimento está relacionado com o aumento da procura resultante do movimento de reabilitação urbana, mas também de construção nova.

Desde o ponto mais baixo da produção nos últimos 25 anos, atingido em 2013, com uma produção de 2,7 milhões de metros cúbicos, o mercado já cresceu 29,6%, resultado, exactamente da recuperação do setor da construção.

No entanto, apesar deste crescimento agora verificado, o nível de produção de 2016 apenas igualou o de 1992.

Oito anos negros de quebra consecutiva

Desde o pico da produção, registado em 2005, quando foram fabricados 12 milhões de metros cúbicos, a produção de betão caiu para quase metade – para 6,1 milhões de metros cúbicos – em 2011, antecipando a estagnação de 2008 (o crescimento económico limitou-se a 0,2%) e a quebra de 2009, que chegou aos 2,98%, e confirmando a descida de 1,83% do PIB em 2011, no ano em que Portugal foi obrigado a pedir ajuda externa. Mas piorou, ainda, no período que se seguiu, em que vigorou o cumprimento do acordo de assistência feito com a “troika” formada pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre 2011 e 2013, a produção de betão caiu mais 55,7%, acompanhando três anos consecutivos de recessão económica, incluindo a contração de 4,03%, em 2012, a mais profunda verificada na economia portuguesa desde 1975.

Quando comparado com o pico registado em 2005, a descida verificada nos oito anos que se seguiram foi de 77,5%.

À procura de maior representatividade

A APEB foi criada em 1985, em Lisboa, e reúne as principais empresas do setor, mas foi também apanhada pelos efeitos da crise.

No “Dia do Betão”, evento que decorreu este mês de junho e que juntou os profissionais do setor, o presidente da APEB, João Pragosa, destacou a importância da associação para toda a indústria de betão pronto, por “reunir as principais empresas, participar em diversas comissões técnicas e contribuir assim para o desenvolvimento de legislação a nível nacional e europeu”. Apontou, no entanto, como objetivo o aumento da representatividade. “Em 2009 fomos 26 associados”, disse. Atualmente, a APEB tem 15 membros associados e sete membros aderentes.

A segunda edição do “Dia do Betão” contou com a presença de 150 profissionais do setor e com o presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, que apelou aos participantes para insistirem “na necessidade de toda a intervenção do Estado na economia ter como preocupação central a competitividade empresarial – tanto na vertente dos custos, como na da produtividade”.

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