O sucesso das empresas significa, geralmente, o sucesso de uma região ou de um país onde as mesmas exercem a sua atividade. Quando uma empresa cresce, significa mais emprego, mais salários, mais atividade económica, bem como mais impostos pagos. Os atores locais tentam criar as melhores condições para que isso aconteça, em articulação com os vários níveis decisórios das políticas públicas. Por seu lado, os decisores políticos elogiam e muitas vezes dão a conhecer a uma audiência mais vasta o sucesso dessas empresas.

Divulgar os bons exemplos pode ter um efeito mobilizador e inspirar outros a arriscar e a criar o seu próprio negócio. Mas pode também ajudar as economias locais e nacionais, atraindo novos investimentos. É neste sentido que nas últimas décadas, sob o desígnio da “Diplomacia Económica” ou “Diplomacia Comercial”, líderes políticos de vários países têm mostrado, divulgado e incentivado negócios entre as empresas dos seus países e empresas de outros países. Os empresários agradecem.

Os Estados Unidos da América há já vários anos que contam com uma diplomacia económica bastante ativa, envolvendo a sua rede consular, e o mesmo tem vindo a passar-se com a China, o Japão ou a Alemanha, por exemplo. E não há nada de errado nisso, é legítimo os decisores e líderes políticos tentarem “vender” o que de melhor se faz nos seus países. Tal como é legítimo que as empresas, quando estão em dificuldades financeiras ou a perder competitividade, recorram frequentemente à “ajuda” dos decisores políticos, respeitando (claro), as regras concorrenciais e de regulação existentes (basta ver os apoios financeiros públicos dos EUA à indústria automóvel na sequência da crise financeira de 2008).

Além dos apoios financeiros (ou benefícios fiscais), têm vindo a ser criados pelas políticas públicas mecanismos de “recuperação” e de “revitalização” das empresas (como acontece em Portugal), aos quais as mesmas podem acorrer caso se encontrem em situação iminente de insolvência ou em dificuldades financeiras.

Do mesmo modo, é também legítimo um decisor ou líder político mostrar insatisfação quando as empresas estão a perder competitividade ou quando estão a ser mal geridas. Também aqui não há nada de errado, nem se trata de qualquer interferência em termos de concorrência ou do livre funcionamento da iniciativa privada. Pelo contrário, trata-se, sim de antecipar e tentar evitar situações que prejudiquem o interesse comum, a economia e a sociedade. A correção de falhas de mercado e a resolução de problemas sistémicos justificam largamente a intervenção do Estado e das políticas públicas na economia.