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Testes de estrada de veículos autónomos começam na CREL em outubro de 2018

A par com Madrid e Paris, a capital portuguesa será palco de testes do projeto AUTOCITS, apresentado hoje em Oeiras numa sessão de trabalho organizada pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) e pela empresa tecnológica espanhola Indra.
10 Outubro 2017, 20h36

Os primeiros testes em Portugal com veículos autónomos em estrada vão começar em outubro do próximo ano num trecho da A9, a Circular Regional Exterior de Lisboa, uma antevisão de um futuro que poderá chegar dentro de poucas décadas.

A par com Madrid e Paris, a capital portuguesa será palco de testes do projeto AUTOCITS, apresentado hoje em Oeiras numa sessão de trabalho organizada pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) e pela empresa tecnológica espanhola Indra.

Cristiano Premebida, do Departamento de Engenharia Eletrotécnica da Universidade de Coimbra, disse à agência Lusa que os testes vão decorrer em locais já determinados numa faixa de sete quilómetros entre a Avenida Marginal e o cruzamento da A9/CREL com a A16.

“Contamos ter veículos convencionais, instrumentalizados e autónomos”, afirmou o investigador, adiantando que os testes decorrerão em “corredores de segurança”, acompanhados por autoridades policiais, e sempre em carros com condutores a bordo.

“Esperamos não ter muita interferência com outros condutores, está provado que mudam o comportamento quando percebem que estão na presença de um veículo completamente automatizado, ficam nervosos, por exemplo”, disse.

A par dos testes na CREL, a equipa multinacional vai ensaiar veículos sem condutor a fazer serviço de vaivém entre o parque de estacionamento e vários edifícios do complexo do Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, num percurso de cerca de 500 metros.

Ao longo dos percursos, serão instaladas estações de sensores e transmissão de dados de que depende o sistema de veículos sem condutor para funcionar em segurança.

Obstáculos na estrada, condições meteorológicas diferentes, veículos avariados, manutenção a decorrer, veículos em marcha lenta são cenários que serão testados e que tornam essencial a comunicação entre todos os componentes do sistema.

Essas informações têm que chegar ao mesmo tempo a todos os veículos ligados ao centro de controlo de tráfego, e, num sistema automatizado, determinará ações como abrandar ou mudar de faixa.

Cristiano Premebida afirmou que ainda não está definido que tipo de testes serão feitos e que a sua complexidade dependerá do nível de maturidade e automatização dos veículos.

Virão carros de França, de Espanha e participará um veículo modificado pela Universidade de Aveiro e os testes serão também abertos a empresas e marcas automóveis que queiram participar.

O especialista em Direito Rodoviário Ricardo Fonseca, da ANSR, considerou que a circulação de veículos automatizados será uma realidade generalizada “dentro de vinte a trinta anos” e destacou todas as questões legais que levanta, desde a responsabilidade dos condutores à própria definição do que é um veículo automático.

A “principal urgência legislativa” para levar mais longe estes testes e chegar a essa realidade futura é criar “legislação para permitir testes sem condutor”, defendeu.

As convenções nas quais se baseiam praticamente todas as legislações rodoviárias são de 1949 e 1968 e, desde logo, estabelecem que só podem circular veículos com condutor.

Numa escala de 0 a 5, a automatização total ainda não existe, mas na estrada já são norma veículos com funções automáticas como a direção ou travagem assistida ou os assistentes de estacionamento.

Num sistema de veículos autónomos, há três níveis teóricos possíveis, de complexidade crescente: uma via única, dedicada, em que os veículos automáticos circulam “fechados” atrás e à frente por veículos de controlo; duas vias simultâneas, em que se pode mudar de faixa, ou sem restrições, em que os automáticos circulam por entre outros veículos.

[Notícia atualizada 20h59]

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