“Os jovens estão afastados da política”. Já ouvimos todos esta frase. Concordando ou não com ela, parece ser relativamente consensual a ideia de que é importante que haja mais jovens a participar e com interesse na política. Mas será mesmo assim? Queremos mesmo jovens interessados e a participar?

À entrada para o mercado de trabalho é cada vez mais importante, para além das médias dos cursos, as competências que fomos adquirindo noutras experiências extracurriculares e que nos tornam pessoas e profissionais mais versáteis e mais completos. O domínio das línguas, o trabalho em equipa, a capacidade oratória e de nos relacionarmos com os outros, a capacidade de nos debruçarmos a estudar temas em não estávamos assim tão à vontade, são todos fatores de valorização de um jovem. Estas são competências que podem ser desenvolvidas não apenas na escola, como em associações juvenis, em associações de estudantes, projetos de voluntariado e de intercâmbio, em organizações não governamentais. E também em juventudes partidárias.

 

“À entrada para o mercado de trabalho é cada vez mais importante, para além das médias dos cursos, as competências que fomos adquirindo noutras experiências extracurriculares e que nos tornam pessoas e profissionais mais versáteis e mais completos”.

 

Mas aqui é que começa o paradoxo dos que querem mais jovens interessados em política e simultaneamente apoucam ou achincalham os que se inscrevem ou participam numa juventude partidária. Entre carreiristas e acéfalos, são vários os adjetivos com que aqueles que militam numa juventude partidária são presenteados demasiadas vezes. E do paradoxo passamos para o dilema. Participar ou não numa juventude partidária apesar do estigma associado? 

Há quem o faça, felizmente, apesar disso. E fazendo os seus estudos, tendo a sua profissão, participando também noutras associações ou organizações, dedicam ainda uma parte do seu tempo a uma juventude partidária. Aí têm oportunidade de debater, de organizar iniciativas, de apresentar propostas que tenham impacto positivo na vida das outras pessoas. Desde o alargamento do horário de bibliotecas ou salas de estudo, à criação de bolsas de estudo, ao lançamento de programas de apoio ao arrendamento jovem, à apresentação de propostas para melhorar a vida das crianças e pais em acolhimento familiar, à criação de programas de apoio ao emprego jovem, são muitos os exemplos que aqui poderia partilhar.

Dir-me-ão que há maus exemplos nas juventudes partidárias. Há certamente. Como em tudo na vida e em todas as organizações, há quem se mova por boas e por más razões. Mas a esmagadora maioria dos que fazem parte destas organizações (e aqui falo da que conheço melhor, a JSD) inscreveu-se pelas melhores razões e com a ideia de que cada um de nós é em parte responsável por tornar este mundo (seja na freguesia, no distrito ou no país) um sítio melhor para todos vivermos.