É sob grande pressão que os mercados financeiros estavam a calcular uma probabilidade de falência do Crédit Suisse em mais de 40% ao início da tarde desta quarta-feira.
As instituições financeiras que são contrapartes do Credit Suisse estão numa corrida aos Credit Default Swaps (CDS) que cobrem o risco de incumprimento do banco suíço, para se protegerem em caso de um possível cenário de “default”. Os bancos precisam de cobrir o risco de contraparte.
A Bloomberg avança que esta corrida aos CDS não se espalhou a outras instituições, e está para já circunscrita aos produtos derivados associados ao Credit Suisse.
O custo dos derivados de crédito ligados ao Credit Suisse Group AG estão a atingir níveis que fazem lembrar o pânico financeiro de 2008 depois de o maior acionista do banco, Saudi National Bank com 9,88%, ter dito que não quer aumentar a sua participação por várias razões, incluindo regulatórias.
Os CDS estão a disparar porque estão a ser exacerbados pela pressa dos bancos em comprar proteção contra um possível incumprimento por parte do bancos sediado em Zurique para reduzir o seu risco de contraparte nas transacções, de acordo com a Bloomberg que cita fontes familiarizadas com o assunto.
Num dia caótico nos mercados, as cotações Credit Default Swaps a um ano eram consideravelmente mais caras do que as de prazos mais longos, uma vez que os bancos tentavam proteger-se a curto prazo da sua exposição ao Credit Suisse, segundo a agência. O spread entre o preço que os compradores estão dispostos a pagar e o valor de oferta ascenderam até 10 pontos base, segundo fontes contactadas pela agência de informação norte-americana.
Os bancos compram e vendem constantemente contratos de derivados e outros instrumentos de cobertura, o que significa que assumem o risco de contraparte quando tomam o outro lado de uma transacção. Quando o risco de incumprimento de um dos bancos aumenta, pode levar a perdas registadas na avaliação a preços de mercado (mark-to market) conhecidas como avaliação de crédito ajustada, mesmo que o banco não entre em incumprimento.
O pico nas cotações de CDS destaca os nervosismo entre os banqueiros e gestores de dinheiro após o colapso do Silicon Valley Bank na semana passada que suscitou preocupações sobre um potencial contágio no sistema financeiro.
O Credit Suisse, que está a meio de uma complexa reestruturação de três anos, tem lutado para conter as saídas de depósitos. Embora o banco tenha insistido que a sua posição financeira é sólida, o aumento dos preços dos CDS está a causar tumultos no mercado.
Porque é que o Credit Suisse está em queda livre?
Os analistas da XTB dizem que as ações do banco, bem como o próprio negócio do Credit Suisse, têm estado sob enorme pressão há muitos anos e a persistente tendência descendente começou de facto já em 2007.
“Os declínios atuais são exacerbados e principalmente desencadeados pela incerteza em torno do sector bancário dos EUA e da liquidez sistémica. Vale a pena lembrar, no entanto, que a crise do banco suíço se arrasta há muitos anos e que a estrutura financeira da instituição parece neste momento imune a riscos de liquidez. A atenção dos investidores, contudo, está centrada noutro aspeto, nomeadamente os Credit Default Swaps (CDS), que atingiram hoje novos máximos históricos”, refere a XTB.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com