A TAP prepara-se para apresentar os primeiros lucros em cinco anos, mas a façanha não terá direito a evento com pompa e circunstância, como a ainda CEO gostaria. A “companhia de bandeira” em Portugal deverá divulgar esta quarta-feira de manhã um lucro de 2022 de aproximadamente 30 milhões de euros – uma melhoria face ao prejuízo recorde de 1,6 mil milhões de euros no ano anterior – sem a conferência de imprensa que Christine Ourmières-Widener previa.
O Governo ativou os “air brakes” e não deixou a exonerada presidente executiva da TAP falar presencialmente sobre os resultados, estando apenas prevista para amanhã, a partir das 16 horas, uma conference call (videoconferência) com investidores e analistas financeiros, onde estará Christine Ourmières-Widener, que se encontra em processo de afastamento pelo Executivo, e o administrador executivo Gonçalo Pires.
A previsão avançada pela “SIC Notícias” este fim de semana é que o resultado líquido da companhia aérea ronde os 30 milhões de euros – um valor que até agora, a cerca de 13 horas da divulgação das contas, ainda não foi desmentido pela empresa, ao contrário do que aconteceu com a antevisão de lucros de 140 milhões de euros revelada no final de janeiro.
“Não obstante serem públicas as perspetivas de a TAP ter alcançado no ano passado uma das maiores receitas da sua história e de terem sido divulgados os resultados do primeiro semestre e do primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2022, os valores avançados nos órgãos de comunicação social relativamente aos lucros da TAP no exercício findo a 31 de dezembro de 2022 não têm correspondência com as projeções existentes”, apressou-se a TAP a desmentir, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Será também ao regulador dos mercados que chegará o relatório financeiro, por volta das 7h00, antes da abertura das bolsas na Europa, de dia 21 de março.
O primeiro sinal de que a empresa podia estar prestes a chegar aos lucros chegou mesmo no penúltimo dia do ano, através de uma notícia do jornal online “Eco” que dava conta de que este era o cenário sobre o qual a administração estaria a trabalhar, motivada pelo crescimento da atividade turística e pela incisiva política de redução de custos com o pessoal, que gerou um corte de 20% nos salários.
A confirmar-se, serão os primeiros resultados líquidos anuais positivos desde 2017, ano em que a TAP lucrou 23 milhões de euros, e um adiantamento de dois anos no prazo estipulado pelo plano de reestruturação. De facto, como mencionou a TAP, as “perspetivas” são positivas, até porque no terceiro trimestre de 2022, os lucros foram 111,3 milhões de euros. As notícias só não foram 100% boas, porque no acumulado até setembro, a empresa registou um prejuízo de 91 milhões de euros, o que pressupõe, ainda assim, uma melhoria de 121 milhões de euros em relação aos níveis pré-pandemia (2019). A penalizar o negócio estiveram sobretudo as disrupções da indústria da aviação, que ainda se fizeram sentir durante esses meses.
Entre julho e setembro do ano passado, a companhia então liderada por Christine Ourmières-Widener teve um recorde histórico de receitas operacionais, que ascenderam aos 1.118,9 milhões de euros, mais do dobro das receitas operacionais contabilizadas no mesmo período de 2021 (657,3 milhões de euros). “A recuperação da atividade afetou a performance operacional das companhias aéreas todo o verão”, explicou a transportadora aérea, no relatório financeiro divulgado em meados de novembro.
Segundo a TAP, estes números levaram a uma superação dos “níveis pré-crise em 7,5%, o que permitiu à companhia alcançar um desempenho financeiro sem precedentes, com um EBITDA [lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização] recorrente de 280,1 milhões de euros e um EBIT recorrente de 152,7 milhões, ambos acima dos níveis pré-crise, apesar do aumento dos custos com combustível”.
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