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Um bilião de dólares foi quanto os bancos dos EUA perderam em depósitos, segundo JP Morgan

Dos 17 biliões de dólares do total de depósitos bancários dos EUA, quase 7 biliões de dólares não estão segurados pela Federal Deposit Insurance Corp (FDIC), escreveram os analistas do JP Morgan.
24 Março 2023, 10h22

Os bancos americanos “mais vulneráveis” perderam um bilião de dólares em depósitos num ano, estima o JP Morgan. A notícia é avançada pela “Reuters”.

A fuga ocorre desde o ano passado, com metade dos fluxos a acontecer em março após o colapso do Silicon Valley Bank. A equipa de analistas do JP Morgan liderada por Nikolaos Panigirtzoglou não nomeou nenhum dos bancos que classificaram como “mais vulneráveis” nem disse quantos incluía neste grupo.

Dos 17 biliões de dólares do total de depósitos bancários dos EUA, quase 7 biliões de dólares não estão segurados pela Federal Deposit Insurance Corp (FDIC), escreveram os analistas do JP Morgan.

“A incerteza gerada pelos movimentos dos depósitos pode fazer com que os bancos se tornem mais cautelosos nos empréstimos”, escreve o banco norte-americano.

“Este risco é agravado pelo facto de os bancos de médio e pequena dimensão desempenharem um papel desproporcionadamente grande nos empréstimos bancários dos EUA”, acrescentaram os analistas numa nota datada de 22 de março.

Os reguladores fecharam o SVB e o Signature Bank no início deste mês, marcando a segunda e terceira maiores falências na história bancária dos EUA, respetivamente. A rapidez com que os clientes levantaram o seu dinheiro dos dois bancos suscitou a preocupação de as corridas bancárias se alastrarem a outras instituições, levando as autoridades norte-americanas a protegerem os depósitos.

“Os aumentos das taxas de juro da Fed têm vindo a induzir uma mudança através da criação de perdas nas carteiras de obrigações dos bancos que, por sua vez, tornaram os depositantes menos confortáveis em manter depósitos não segurados em bancos com grandes perdas não realizadas nas suas carteiras de obrigações”, segundo o JP Morgan.

Uma garantia governamental sobre os depósitos poderia ajudar a conter os fluxos de saída de pequenos bancos regionais e os seus clientes, defende Panigirtzoglou.

Esta semana, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, esclareceu que os contribuintes norte-americanos não vão assumir as perdas dos bancos que falirem, e avisou que nem acionistas e nem obrigacionistas de bancos estão protegidos pelo Governo.

O aumento das taxas de juro americanas, e a lentidão dos bancos em aumentar as taxas que pagam aos depositantes, também contribuíram para os fluxos de saída no último ano, disseram os analistas do JPMorgan.

De um total de um bilião de dólares em depósitos que foram retirados dos mais vulneráveis bancos dos EUA, metade foi para fundos do mercado monetário do governo, enquanto a outra metade aterrou em bancos maiores dos EUA, escreveram os analistas.

Um sinal de que a banca norte-americana continua instável, é o facto de o recurso à nova linha de cedência de liquidez que a Fed criou após o colapso do Silicon Valley Bank ter disparado na semana passada. O financiamento do Bank Term Funding Program atingiu 53,7 mil milhões de dólares na semana passada, bem acima dos 11,9 mil milhões de dólares registados na anterior.

Na linha tradicional de cedência de liquidez o financiamento baixou de 152,9 para 110,2 mil milhões de dólares. Tendo em contra outras operações da Fed, o balanço do banco central aumentou mais 100 mil milhões de dólares, para 8,8 biliões de dólares.

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