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Stress na banca pode pesar nas perspectivas da zona euro através da redução do crédito bancário, diz Goldman Sachs

“O actual stress bancário está a turvar as perspectivas da área do euro, uma vez que as ações dos bancos caíram acentuadamente e os custos de financiamento dispararam”, lê-se na análise do banco norte-americano. A contração do crédito poderá afectar o crescimento económico.
27 Março 2023, 13h50

O analista do Goldman Sachs, Sven Jari Stehn, emitiu um research intitulado “European Views: Banking vs Inflation Risks” onde aborda o impacto na zona euro da queda das ações dos bancos e da subida dos seus custos de financiamento.

“O actual stress bancário está a turvar as perspectivas da área do euro, uma vez que as ações dos bancos caíram acentuadamente e os custos de financiamento dispararam”, lê-se na análise.

O banco norte-americano refere que “o risco sistémico ainda parece limitado, uma vez que o sistema bancário europeu pontua bem nas principais medidas de resiliência, indicadores de macro-contágio, incluindo o nosso Índice de Condições Financeiras – Financial Conditions Index e o BTP-Bund spreads [que mede o prémio de risco face à dívida alemã] pouco se moveram e a arquitectura financeira da área do euro percorreu um longo caminho desde a crise da dívida europeia (incluindo com a criação da Recuperação Fundo, ESM – European Stability Mechanism, e os instrumentos anti-fragmentação do BCE)”.

O FCI (Financial Conditions Index )é definido como uma média ponderada de taxas de juro sem risco, a taxa de câmbio, avaliações de acções, e spreads de crédito, com pesos que correspondem ao impacto directo de cada variável no PIB.

“No entanto, as tensões bancárias, são susceptíveis de pesar nas perspectivas da área do euro através da redução dos empréstimos bancários”, constata o Goldman Sachs.

“A nossa análise recente – que relacionou as medidas de crédito bancário com  os indicadores de stress financeiro – sugeriu que os requisitos de concessão de crédito serão mais rigorosos a partir daqui, apontando para um impacto real no PIB de cerca de 0,3% ao longo do próximo ano em toda a área do euro”, lê-se no research.

O banco diz que as tensões bancárias podem ter elevados “efeitos não lineares na economia”, uma vez que os custos de produção [das empresas] podem crescer acentuadamente se as tensões financeiras continuarem a aumentar.

Por outro lado, os indicadores da inflação subjacente continuam a ser muito fortes, lembra o banco. “Em primeiro lugar, o mercado de trabalho mostra sinais limitados de abrandamento até agora, com uma reaceleração do crescimento do emprego no quarto trimestre. Em segundo lugar, o crescimento salarial continua a acelerar com um ganho sequencial de 7% anualizado tanto na remuneração por empregado como no Índice do Custo do Trabalho no quarto trimestre, e o crescimento salarial anual está a caminho de atingir cerca de 5% no início de 2023”, refere a análise.

O Goldman Sachs não é o único, a crise de crédito entrou definitivamente na agenda dos analista.

A crise na banca continuará a marcar o ritmo dos mercados esta semana, com o foco a incidir sobre os efeitos que terá na economia global.

Os responsáveis da Fed e do BCE admitiram que é expectável que se siga uma contração na concessão de crédito por parte dos bancos, o que vai pressionar a economia e Neel Kashkari (Fed de Minneapolis) reconhece que uma recessão é agora mais provável.

O mercado já está a descontar este cenário de contração da economia motivada por uma crise no crédito, que pressionará os bancos centrais a cortar os juros.

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