O sector português do fabrico de produtos de tabaco, que está nas mãos de três empresas, é responsável por 15% dos cigarros vendidos na União Europeia (UE), revelou um estudo do ISCTE Executive Education, divulgado esta quinta-feira.
O investimento do trio do tabaco nacional – subsidiária da Philip Morris, Fábrica de Tabaco Micaelense (FTM) e Empresa Madeirense de Tabacos – ascende a 390 milhões de euros em 25 anos e as exportações fixaram-se nos 719 milhões de euros em 2021.
Em Portugal e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, este segmento de atividade tem um impacto, ao longo da cadeia de valor, em quase 44 mil pessoas, constatou o relatório sobre o efeito económico da indústria tabaqueira em Portugal, apresentado esta manhã na faculdade, em Lisboa. Só em 2021 envolveu diretamente 3.186 trabalhadores, entre produtores e fornecedores.
Alguns dados apresentados pelo ISCTE já eram conhecidos, pelo menos, desde 2018, como o facto de que o tabaco gera receitas fiscais de cerca de 3,3 milhões por dia (mais de 1,2 mil milhões de euros anuais). Em causa está o Imposto sobre o Tabaco, uma taxa especial sobre o consumo de cigarros, charutos e cigarrilhas, tabaco de corte fino para cigarros de enrolar, tabaco para cachimbo de água, rapé, tabaco de mascar, tabaco aquecido e líquido com nicotina em cigarros eletrónicos.
Porém, como este imposto foi atualizado no Orçamento do Estado para 2023, prevê-se que entre mais 4%, ou 57 milhões de euros, nos cofres do Estado. Ou seja, deverá render 1,5 mil milhões de euros, em comparação com o ano passado.
“Este sector produtivo tem mais de cinco séculos de história em Portugal e sempre foi um dos motores da indústria transformadora. Na segunda metade do século XIX chegaram a existir 46 fábricas de fabrico de produtos de tabaco em Portugal em atividade, mas o caminho subsequente foi o de consolidação. Atualmente, os três grupos empresariais que constituem esta indústria dinamizam uma atividade económica assente numa longa cadeia de valor, com muitos milhares de outros agentes económicos”, comentou o presidente da comissão executiva do ISCTE Executive Education, José Crespo de Carvalho.
O sector não é consensual, nunca o será, e continuará a depender de estudos e estatísticas pedidas pelos operadores para tentar tirar o peso negativo das suas história e génese nos ombros. No entanto, há um facto difícil de contrapor: mexe com a economia. Os autores da análise, encomendada pela Tabaqueira, lembram ainda que a indústria contribuiu, em 2021, com um saldo positivo de mais de 589 milhões para a balança comercial e gerou 260 milhões de euros de Valor Acrescentado Bruto (VAB).
As três empresas do sector do tabaco nacional contam com quatro fábricas localizadas em Portugal: uma da Tabaqueira (Philip Morris International) em Albarraque, duas em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel (uma detida pela FTM e outra da EMT), e outra em Machico, na Madeira, na posse da EMT.
“Este estudo permite perceber a resiliência e o peso de um sector que, não só dinamiza todo o território nacional, como atrai investimento para o mercado português e tem uma forte componente exportadora, assumindo um peso muito relevante nas vendas do mercado europeu – cerca de 15% do total, dez vezes mais do que aquilo que a economia portuguesa representa no seio da UE”, destaca o professor académico, em comunicado. Para José Crespo de Carvalho, este é motivo suficiente para “acompanhar o processo de transformação em curso deste sector”, porque “a sua resiliência e competitividade são cruciais para a indústria nacional”, crê.
Desde 2007 que é proibido fumar em espaços públicos fechados em Portugal. Há cinco anos, o legislado alargou esta proibição no tabagismo em interiores aos produtos do tabaco sem combustão.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com