A turbulência no setor bancário que se viveu dos dois lados do Atlântico parece ter acalmado, o que é um bom sinal, mas é provável que continue a provocar efeitos importantes.
Do lado da política monetária, o resultado foi fazer baixar as taxas terminais do ciclo de contração monetária. Dito por outras palavras, os juros vão subir, mas até um patamar menos elevado do que antes da agitação nos bancos se previa. As minutas das reuniões dos bancos centrais mostraram uma relação entre as decisões de política monetária e a confiança no setor bancário.
Por outro lado, o processo da concentração bancária ainda está em curso. Também passará por Portugal, mas poderá ser acelerado pelos acontecimentos de março. Na Suíça, já aconteceu de forma óbvia e o facto de a UBS provavelmente colocar à venda partes do Credit Suisse poderá fazer mexer o setor. Há, no resto da Europa, vários casos por resolver.
Finalmente, mas não menos importante, já estaremos a assistir aos primeiros sinais da próxima etapa do ciclo de crédito. A subida das taxas de juro provoca dificuldades de refinanciamento nos agentes económicos mais endividados, mas a maior prudência da banca irá provavelmente acelerar esse efeito.
Ou seja, o crédito será mais difícil e mais caro, o que terá efeitos na capacidade de algumas empresas investirem ou mesmo resistirem, provocando desaceleração económica, desemprego e algumas insolvências.
A quase ausência de falências desde que as taxas de juro começaram a subir, assim como o pouco alargamento dos prémios de risco entre empresas emitentes de dívida, tem ido contra o que é habitual nestes contextos. As políticas monetária e fiscal e a inflação terão amortecido o impacto das restrições monetárias, mas agora a situação poderá voltar ao normal.