Entrando no novo ano, uma pergunta se impõe cuja resposta terá um especial impacto na economia portuguesa, a de saber como se movimentará o sector do turismo quer a nível nacional quer global.
Na sua edição anual em que antecipa tendências e comportamentos dos diferentes mercados e sectores, a revista “The Economist” destaca que os turistas se aventurarão mais em 2021, mas enfrentarão ainda cancelamentos e quarentenas. As chegadas internacionais nas 60 maiores economias do mundo aumentarão 8% de acordo com a previsão, mas definharão mesmo assim 15% abaixo dos níveis de 2019, sendo que as viagens de negócios sofrerão e muito este ano as consequências da pandemia.
A Morgan Stanley calcula que 31% das viagens de negócios serão substituídas por reuniões online e a “The Economist” avisa que milhões de empregos relacionados com o turismo estarão em risco em todo o mundo. Menos exatamente 32 milhões em 2021, segundo o World Travel and Tourism Council (WTTC), a somar aos 143 milhões já afetados.
Gloria Guevara, a presidente do WTTC, falou esta semana ao “Financial Times” sobre a imprescindível coordenação entre o sector e os diferentes governos nacionais, e apontou o dedo à atitude individualista de cada país e à ausência de uma abordagem sistemática e concertada entre as nações.
O diálogo entre a União Europeia e o WTTC deve, na minha opinião, ser uma das preocupações por parte da presidência portuguesa do Conselho da UE. O ecossistema do sector das viagens e turismo contribuiu com 10,3% do PIB mundial em 2019. No caso português, é sabido que o turismo é nossa maior atividade económica exportadora, tendo sido em 2019 responsável por 52,3% das exportações de serviços e por 19,7% das exportações totais, com as receitas turísticas a registarem um contributo de 8,7% para o PIB nacional, tal como divulgado pelo Turismo de Portugal.
Infelizmente, o programa da Presidência portuguesa tem apenas, na sua página 19, três breves parágrafos com generalidades sobre o Turismo, no capítulo da competitividade. É certo que é também mencionado que, na sequência da Convenção Europeia do Turismo em outubro de 2020, a Presidência organizará um “Fórum de Alto Nível sobre Sustentabilidade e Turismo” em maio, no Porto, mas esse evento será já praticamente no final dos seis meses do exercício.
A Confederação do Turismo Português e a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo – como aliás o “Jornal Económico” noticiou – já avisaram: o sector está “em modo de sobrevivência” e as empresas com “uma capacidade de financiamento reduzida, tanto por balanços destruídos e consequentes dificuldades de diálogo com a banca, como por dificuldade de acesso aos esquemas de recapitalização previstos”.
É urgente olhar para tudo isto e decidir tendo em conta a realidade nacional inserida num enquadramento europeu e global. Há que saber, ao mesmo tempo, olhar para cada árvore e para a floresta.
Independentemente das convicções políticas que eram as suas e que evidentemente não partilho, o desaparecimento de Carlos do Carmo entristeceu-me profundamente e representa uma perda imensa para a cultura portuguesa em geral e para o fado em particular. A cidade de Lisboa deliberará em breve no sentido de a icónica canção “Lisboa Menina e Moça” vir a ser a música oficial da cidade. Como vereador na capital, serei naturalmente favorável a essa decisão.
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