A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a TAP já destapou coisas suficientes para fragilizar ainda mais um governo que se tinha especializado em dar tiros no pé. Tudo indica que esta CPI ainda fará mais graves danos no executivo e é cada vez menos provável que consiga chegar ao final da legislatura.

Por isso, impõe-se que a oposição melhore muito a sua prestação, quer a fiscalizar o governo quer a preparar a sua futura governação.

Este primeiro-ministro é um mestre da táctica, encontrando sempre um novo foco para tapar a última polémica, mas a oposição deve recusar-se a dançar esta música. Há temas que não podem ser deixados cair, por mais novidades que surjam. Em relação ao parecer em que se baseava o despedimento da administração da TAP, há pelo menos um ministro a mentir e é intolerável que o parlamento deixe passar isso em branco.

Em relação a um novo governo, julgo que os partidos que ambicionam integrá-lo não se podem dispersar e precisam de se focar em três grupos de temas: i) o desenvolvimento e o crescimento; ii) a justiça e a corrupção; iii) melhorar os serviços públicos, sobretudo na educação e saúde.

A falta de crescimento de há mais de vinte anos é a raiz da generalidade das dificuldades económicas, desde a estagnação dos salários aos problemas recorrentes com as contas públicas, pelo que é essencial enfrentar esta questão. Quais as propostas concretas dos partidos da oposição?

Já há demasiados anos que os portugueses vinham sentindo uma grande insatisfação com a justiça e uma percepção difusa de impunidade. Hoje em dia, há sinais crescentes de que os casos mais graves e óbvios irão prescrever.

É de uma enorme inconsciência e irresponsabilidade assistir a isto sem fazer nada, porque isso terá um efeito devastador no regime e expandirá os piores radicalismos. Os extremismos não crescem porque têm demasiado “tempo de antena”, mas porque as insatisfações que os alimentam são deixadas intocadas. No mínimo, é necessário alterar a absurda legislação sobre prescrições que temos. Quais as propostas concretas dos partidos da oposição?

Finalmente, vivemos uma degradação dos serviços públicos a par de um novo máximo da carga fiscal em 2022, o que é totalmente contraditório e só pode significar que há substanciais ineficiências na despesa pública. Como é que pretendem resolver este duplo desafio: baixar a despesa e aumentar a qualidade dos serviços prestados à população? São necessárias respostas mais concretas do que promessas genéricas de aumento da eficiência da despesa.

Para além de políticas alternativas será também essencial apresentar novos protagonistas capazes de as concretizar.

O ponto é que, genuinamente, não sei qual a resposta que o PSD e a IL têm a dar a estas questões. Estes partidos têm respostas, mas ainda não investiram na sua divulgação? Ou nem sequer têm propostas concretas?

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.