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Livro: “Sul – A Expedição Mais Perigosa do Mundo”

O explorador Ernest Shackleton narra os longos meses desta viagem, em que, miraculosamente, toda a tripulação consegue salvar-se, após 2.900 quilómetros percorridos, em grande parte, sobre terreno desconhecido. Uma odisseia que atesta o poder da determinação humana.
5 Novembro 2022, 11h12

“A cozinha foi montada junto às rochas próximas da minha tenda, num buraco que tínhamos cavado nos detritos da colónia dos pinguins. As caixas de provisões proporcionavam algum abrigo do vento, e uma vela aberta impedia que alguma da neve caísse sobre o cozinheiro enquanto trabalhava. Ele tinha muito pouco tempo livre. A quantidade de bifes e gordura de foca e de elefante-marinho consumida pelo nosso esfomeado grupo era quase inacreditável.”

 

 

No polo sul, o sol nasce apenas uma vez por ano (no equinócio de setembro) e põe-se também apenas uma vez (no equinócio de março), pelo que há seis meses de luz e outros seis de escuridão. E, devido ao movimento das placas tectónicas, a sua localização exata está sempre a mudar. Contudo, quando comparado com o polo norte, é mais acessível aos viajantes e cientistas, por estar numa placa de terra (ainda que seja preciso escavar mais de 2.700 metros de neve para a encontrar), ao contrário do ponto mais setentrional do planeta, no meio do oceano Ártico.

Depois da conquista do polo sul, em 1911, pelo norueguês Roald Amundsen, o objetivo dos grandes exploradores desta época fixou-se na travessia do continente antárctico de mar a mar.

Em 1914, um grupo liderado pelo experiente explorador Ernest Shackleton propõe-se fazê-lo. A distância de aproximadamente 2.900 quilómetros será percorrida, em grande parte, sobre terreno desconhecido. A determinação inabalável, a lealdade e a resistência deste pequeno grupo de homens, isolado durante quase dois anos nos bastiões do gelo polar, esforçando‑se por levar a cabo a sua missão, são uma narrativa única na história da exploração do continente.

Uma aventura inesquecível, de dias extenuantes, noites de solidão e experiências únicas. O otimismo inicial é de curta duração; uma vasta extensão de gelo envolve o navio no qual viajam, apertando-o até o quebrar, obrigando a tripulação de 28 homens a uma luta feroz e desigual pela sobrevivência na imensidão do gelo polar, num terreno inóspito, rodeado de mares gelados e tempestuosos, cheios de ondas gigantes e icebergues colossais, com um frio atroz que não dá tréguas e na sempre iminente ameaça da fome.

Em “Sul – A Expedição Mais Perigosa do Mundo”, Sir Ernest Henry Shackleton (1874-1922) narra os longos meses desta viagem – em que, miraculosamente, toda a tripulação consegue salvar-se – e que será para sempre recordada como prova da força de vontade e do poder da resistência humana.

Da Alma dos Livros, com tradução de Ana David.

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