Todos os documentos da União Europeia falam hoje de agricultura sustentável. Definitivamente, não era assim quando o Instituto Politécnico de Portalegre lançou a licenciatura bietápica (três+dois anos) em Engenharia Agrária e Desenvolvimento Regional, ramo Agricultura Sustentável.
“Logo em 2000, com a bietápica com ramo em Agricultura Sustentável, observando o rumo pioneiro de alguns organismos estrangeiros a trabalhar em sustentabilidade se percebeu que teria de haver um caminho de sustentabilidade a percorrer pela agricultura”, contaFrancisco Rodrigues, coordenador do Mestrado em Agricultura Sustentável, ao Jornal Económico.
Sete anos depois deste primeiro passo, a Escola Superior Agrária de Elvas (ESAE), que integra o Instituto Politécnico de Portalegre, avança na consolidação da sua visão pioneira, lançando o inovador Mestrado em Agricultura Sustentável. O plano de estudos do programa foi revisto em 2012, tendo, sido criadas as atuais unidades curriculares. Em 2017 houve um pequeno ajustamento, mantendo-se a designação e os conteúdos.
Na formação em agricultura sustentável, a ESAE fez, de facto, um caminho à frente do tempo. Só em 2015, a ONU veio a aprovar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, em que o 2º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) advoga a prática da agricultura sustentável. E foi necessário esperar ate 2020 para que a Política Agrícola Comum (PAC) ganhasse novas orientações, com o Green Deal (pacto ecológico europeu) e o F2F (Farm to fork – Estratégia do Prado ao Prato) a apostarem na agricultura sustentável.
“Se comparar as unidades curriculares do plano de estudo com as linhas estratégicas da atual PAC com os seus Eco-Regimes, poderá verificar que há uma coincidência quase total entre ambos”, afirma Francisco Rodrigues. “Em 2012 antecipamo-nos em termos de formação sobre aquilo que viria a ser a estratégia da UE para a agricultura até 2030”.
O Mestrado em Agricultura Sustentável da ESAE é único em Portugal. “Vai na sua 15ª edição consecutiva, com as 20 vagas totalmente preenchidas e candidatos não colocados por falta de vagas”, adianta o professor e coordenador do curso, também Professor-coordenador do departamento de Ciências Agrárias e Veterinárias.
Embora o número varie de ano para ano, cerca de metade dos alunos vêm de fora do distrito de Portalegre. Nos últimos anos regista crescimento a procura por parte de alunos que terminam o curso de Agronomia na ESAE e que prosseguem os estudos frequentando o mestrado. Muitos também estão já empregados quando ingressam no curso. “Sentem necessidade de atualização de conhecimentos para a sustentabilidade na agricultura”, justifica Francisco Rodrgues. A taxa de empregabilidade ronda 100%.
Para além da habilitação académica, o mestrado ainda proporciona “o reconhecimento profissional dos alunos que concluem a parte curricular, por parte do Ministério da Agricultura”, que os reconhece como Técnicos de Agricultura Biológica e simultaneamente como Técnicos de Produção Integrada. “São colocados automaticamente na lista nacional de técnicos reconhecidos nestes modos de produção sustentáveis”, adianta.
Mestrado e pós-graduação no ISA
A transformação verde está associada à transformação digital da Europa, o que torna ainda mais importantes campos do conhecimento como a ciência de dados e a inteligência artificial aplicadas aos sectores da agricultura e do ambiente.
António Guerreiro de Brito, presidente do Instituto Superior de Agronomia (ISA) destaca a importância dessa relação na criação de novas ofertas formativas no centenário Instituto. Com efeito, no campus da Tapada da Ajuda, revela, arrancou este ano letivo (2022/23) o Mestrado em Ciência de Dados em Agronomia e Ambiente (Green Data Science), previamente aprovado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Na mesma linha, será lançada em 2023 uma pós-graduação em Agricultura Sustentável, apoiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Estes dois cursos na área da agronomia, florestas, alimentação, ambiente e biodiversidade constituem um importante contributo para que os alunos do Instituto Superior de Agronomia possam intervir, de forma decisiva e através da actividade profissional, no caminho para a sustentabilidade do uso dos recursos naturais na área da designada Economia da Terra”, explica António Guerreiro de Brito ao Jornal Económico.
Ao apostar na interacção entre as ferramentas de tecnologias e a análise de informação e as áreas onde detém um profundo conhecimento – Ciências e Engenharias Agronómica, Florestal, Zootécnica, Alimentar e do Ambiente, da Arquitetura Paisagista e da Biologia, o ISA reafirma o seu compromisso entre tradição e inovação.
“Considerando o carácter inovador, mas aplicado, dos cursos — explica — pretende-se que ambos sejam especialmente atractivos para profissionais já no activo, nas áreas da produção e gestão de recursos naturais e da agricultura, e que procuram adquirir novas competências para melhorar o seu desempenho e eficiência”.
Adicionalmente, acrescenta o presidente do ISA, “esta melhoria é relevante para as suas organizações, públicas ou privadas, que poderão, assim, implementar melhorias na eficiência, apoio à decisão e definição de estratégias e de políticas”. Por essa razão, pretende-se que os cursos tenham uma forte ligação a empresas, baseando inclusivamente algumas das suas componentes em casos de estudo fornecidos por estas.
Cursos técnicos no IPleiria
A produção sustentável é indispensável para que se caminhe para a neutralidade carbónica, valorização de recursos, minimização de resíduos e descoberta de novos subprodutos. O compromisso com este princípio levou o Politécnico de Leiria a lançar em 2021 dois Cursos Técnicos Superiores Profissionais que se relacionam com a área da agricultura sustentável.
O TeSP em Produção Primária Sustentável é lecionado na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, em Peniche e o TeSP em Tecnologias Digitais para a Agroindústria na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, em Leiria.
Segundo a instituição, pretende-se que os técnicos contribuam positivamente para “o desenvolvimento das empresas da região de Leiria e do Oeste e para uma agroindústria mais sustentável”. Esse é, afinal, o propósito.
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