O mercado imobiliário está ao ‘rubro’ e parte desse entusiasmo deve-se ao boom do turismo em Portugal, sobretudo, em Lisboa. A descoberta do nosso país pelos estrangeiros levou a uma ‘onda’ de regeneração urbana nunca antes assistida. Com isso ganharam as cidades e o país. As ruas estão mais bonitas e os estrangeiros rendem-se aos seus encantos. Os investidores internacionais compram casas nos bairros históricos e os portugueses compram e reabilitam casas para as colocar no Alojamento Local. A ‘febre’ tem sido tão grande que os preços começaram a subir, tornando-os mesmo ‘escaldantes’. Se para muitos os turistas e estrangeiros são bem vindos, para outros começam a ser ‘demais’. Entre os prós e contras, a verdade é que o turismo e o imobiliário andam de ‘mãos’ dadas.
Para Joaquim Ribeiro, Vice-Presidente da AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, o crescimento do turismo nas grandes cidades teve obviamente impacto, “desde logo porque a procura fez com que a oferta de alojamento crescesse o que acabou por ser decisivo para a reabilitação das cidades que há muito estavam degradadas e pudemos assistir a zonas das cidades decadentes e moribundas que despertarem para uma nova fase com a regeneração do tecido urbano”.
O responsável assegura que como em todos os setores da economia, o mercado ajusta-se à procura e o crescimento de turistas criou condições para o aparecimento de novos hotéis e novas formas de alojamento. “Hoje, o tipo de turistas que recebemos é diversificado e procura a Hotelaria tradicional mas também novas experiências que lhes é proporcionada pela diversidade de alojamento, nomeadamente guest houses, hostels ou pequenas unidades de alojamento local. As cidades estão mais preparadas para os vários segmentos que nos procuram e estamos hoje ao nível de qualquer destino Europeu com uma oferta qualificada e capaz de suprir as necessidades e expectativas de quem nos procura”, garante.
Joaquim Ribeiro reconhece que “o nosso maior problema nos próximos anos é sobretudo a mão de obra qualificada. Sentimos uma grande falta de mão de obra que não se verifica só nas grandes cidades, mas em todo o território. A AHRESP está a trabalhar com o Ministério do Trabalho de forma a serem conseguidas soluções que minimizem este problema e que nos parece ser o mais relevante para mantermos uma oferta de qualidade”, admite.
Também Madalena Azeredo Perdigão, Coordenadora da Área de Turismo & Lazer da CCA ONTIER, admite que o crescimento do turismo, resultou em excelentes oportunidades para os investidores em Portugal. Através da aquisição de imóveis (quer apartamentos, quer prédios inteiros) e posterior afetação para empreendimentos hoteleiros ou estabelecimentos de alojamento local, muitos investidores viram no boom turístico que o país tem estado a sentir uma fonte de rendimento imediata. “A procura de imóveis nos centros urbanos, atingiu níveis nunca antes verificados, o que fez disparar o preço por m2 e colocar Lisboa e Porto no ranking das cidades com casas mais caras no mundo (atingindo-se em Lisboa uma média de 2.500 euros/m2). Receiam-se, inclusivamente, os problemas que a sobreavaliação do mercado imobiliário pode trazer a longo prazo. Até lá, a atividade hoteleira tem sentido um acréscimo acentuado na sua taxa de ocupação média ao longo de todo o ano, atingindo resultados históricos e números muito atrativos para os investidores estrangeiros. Em paralelo, o alojamento local – que provocou uma enorme dinamização no sector imobiliário – atinge quase 80.000 estabelecimentos registados”, esclarece a advogada.
Para Madalena Azeredo Perdigão, este crescimento foi muito positivo para o país, mas não deixa de referir que o mercado habitacional foi fortemente abalado, conduzindo a problemas sociais que têm de ser resolvidos. “Terá, de facto, de existir uma intervenção reguladora nesta matéria, que traga soluções e incentivos para permitir o acesso a casas com rendas acessíveis, taxas de crédito à habitação mais reduzidas (numa altura em que aquisição não está para todos os bolsos), e soluções eficazes de apoio social à população mais carenciada. Não quero com isto dizer que temos de criar barreiras ao investimento estrangeiro, mas, sim, de criar medidas para equilibrar o mercado, em resposta a alguns desajustamentos que surgem como reverso da medalha”, admite.
Pedro Fonatinhas, diretor executivo da APR – Associação Portuguesa de Resorts é igualmente de opinião que o aumento do turismo é consequência direta do aumento da atratividade e notoriedade do nosso país nos mercados internacionais. “Como é natural, esses mesmos fatores também tornam mais apetecível a perspetiva de investir em imobiliário, sobretudo, porque apesar dos aumentos de preços que se têm verificado, o nosso produto de turismo residencial ainda continua muito competitivo quando comparado com qualidade equivalente nos países nossos concorrentes”, explica.
E não só nas cidades isso se verifica. O crescimento do turismo tem beneficiado as zonas em que existe mais oferta desse tipo de produto, Algarve, Alentejo e Costa de Prata. A prova é que estavam em pipeline, em finais de 2017, 50 novos projetos de 10 ou mais unidades, num total de cerca de 1300 novos fogos. “Creio que, em geral, o mercado está a reagir bem à procura, tanto em quantidade como em capacidade de cumprir ou exceder os notáveis padrões de qualidade que já lhe são reconhecidos”, esclarece.
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