O empresário Pedro Queiroz Pereira, principal acionista da Semapa, que controla a Secil e a Navigator, considerado o último “capitão da indústria” português, morreu no domingo, 19 de agosto, aos 69 anos.
Em comunicado, o conselho de administração do grupo de que era líder expressou o “mais profundo pesar” pelo falecimento de quem foi “uma referência no meio Industrial português, dotado de raras qualidades humanas e profissionais, e de um notável espírito empresarial”, que “promoveu a refundação do grupo económico”, imprimindo “sempre um estilo único de liderança, pautado por uma gestão de rigor, que permitiu expandir e internacionalizar de forma sustentável o grupo”,
“Mais do que um património, Pedro Queiroz Pereira deixa força e deixa valores”, acrescenta a Semapa, apontando que o empresário deixa uma “estrutura empresarial robusta e com uma liderança profissional organizada e empenhada em continuar o caminho em curso”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a “o prematuro desaparecimento” do “grande industrial português”.
Futuro do grupo acautelado
Pedro Queiroz Pereira estava há dois anos afastado da liderança operacional do grupo, que está centrada numa comissão executiva profissional liderada por João Castello Branco, na Semapa.
A sucessão na frente executiva dos negócios começou a ser preparada já em 2013, no rescaldo da violenta guerra com Ricardo Salgado, na débacle do Grupo Espírito Santo (GES), mais publicamente visível a partir de setembro de 2013, durante a qual Pedro Queiroz Pereira foi um dos poucos que se opôs frontalmente ao banqueiro. Como o Jornal Económico noticiou, o patrão da Semapa começou a acautelar nos bastidores, de forma discreta, mas pragmática, não só a sobrevivência futura do grupo empresarial que ergueu ao longo de décadas, mas também a salvaguarda patrimonial das suas três filhas. A via da gestão profissional surgiu porque nenhuma das suas filhas demonstrou vontade ou experiência na gestão de empresas nas áreas em que as do universo da família atuam.
Na altura, Pedro Queiroz Pereira salvaguardou a posição patrimonial das suas filhas, tendo criado um family office, um fundo privado fechado, subscrito apenas por estas familiares, que gere o acervo patrimonial da fortuna do empresário, incluindo uma posição acionista de controlo nas empresas do grupo (Semapa, The Navigator Company, Secil, ETSA e outras). As regras desse family office, neste caso, um SFO – Single Family Office (fundo unifamiliar) – deveriam impor que as suas descendentes mantenham a titularidade destes ativos por um determinado prazo, só os podendo alienar em certas condições. Desta forma, o empresário também terá evitado que, no futuro, o grupo empresarial possa vir a ser desmembrado.
Segundo a revista Exame, era detentor de uma fortuna avaliada em 779 milhões de euros (em conjunto com a mãe), o que fazia dele o sétimo mais rico do país.
A 6 de novembro de 2009, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Industrial.
A morte de Pedro Queiroz Pereira ocorreu na noite de sábado para domingo em Ibiza, onde o empresário se encontrava de férias no seu barco. A causa da morte ainda está por determinar.
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