A Mutares SE & Co. KGaA que ganhou a corrida aos 71,73% da Efacec Power Solutions é uma holding que gere fundos de private equity e que tem investimentos em empresas industriais. A Mutares tem escritórios em nove capitais europeias e é cotada na bolsa de Frankfurt. É uma sociedade de fundos de private equity que gere uma carteira de empresas industriais e é focada na aquisição e desenvolvimento de empresas de média dimensão em situações especiais com potencial de melhoria operacional e crescimento. Como é o caso da Efacec.
Todas as empresas do grupo Mutares estão sediadas na Europa e a maioria foi retirada de grandes empresas, segundo fonte conhecedora do grupo alemão que vai comprar a Efacec.
A carteira da Mutares é actualmente constituída por mais de 30 empresas com receitas anuais consolidadas superiores a quatro mil milhões de euros. Entre elas estão a Frigoscandia; o ISH Group; a Arriva e a Palmia.
A carteira desta sociedade é constituída por 32 empresas que operam nos setores do automóvel e mobilidade, engenharia e tecnologia e bens e serviços. A Efacec será assim a 33ª.
Segundo apurou o Jornal Económico, as empresas da Mutares que podem beneficiar a carteira da Efacec serão a Guascor, a Exi e Sirti Energy (da área de energia) que estão em processo de fusão), a Arriva, a NEM Energy Group, a Balcke Dürr e a Lapeyre.
Depois há duas empresas que foi acordada a venda, são elas a Bexity (cuja venda foi acordada ao Raben Group) e a Nexive (que está a ser vendida ao the Italian Post).
A Mutares participou em seis reprivatizações nos últimos quatro anos.
Porque é que a Mutares quer adquirir a Efacec?
Segundo apurou o Jornal Económico, a Mutares considera que a Efacec tem um excelente enquadramento no portfólio de empresas da sociedade alemã e pode beneficiar da sua rede e dos seus recursos para atingir os objetivos previstos.
A Mutares pode fornecer o “ecossistema certo” para a Efacec penetrar em importantes mercados em crescimento, seja por meio das empresas do grupo alemão seja aproveitando a sua rede internacional de atuação.
A Mutares SE tem um longo historial de sucesso na recuperação de negócios e algumas das transações feitas no passado não são diferentes da situação que a Efacec enfrenta actualmente.
Quanto tempo demorou o processo?
A Mutares foi convidada a integrar este processo de reprivatização em Novembro de 2022. Desde então, a equipa trabalhou em estreita colaboração com a gestão da Efacec no processo de due diligence, tal como revelou esta quinta-feira o ministro da economia.
O processo foi muito competitivo, participaram ainda a Oaktree, a Oxy Capital e o Agrupamento Visabeira-Sodecia.
António Costa Silva explicou que o projeto industrial e tecnológico foi decisivo na escolha da Mutares.
Um dos factores decisivos na escolha foi o ângulo industrial, o know-how e experiência na indústria e neste tipo de activos.
Além disso, a Mutares tem um grande historial na aquisição de empresas detidas por instituições públicas.
A escolha do Governo recaiu sobre a proposta que apresentou pacote mais completo e abrangente (incluindo condições económicas) ao vendedor.
“Esta empresa tem a seu favor 75 operações deste tipo feitas com elevado sucesso”, disse Costa e Silva. “O ROE da empresa é de 7 a 10 vezes aquilo que investe”, referiu o ministro António Costa Silva na conferência de imprensa.
Qual é o plano para a empresa?
Com o objectivo de liderar um turnaround bem-sucedido da Efacec, a Mutares vai destacar uma equipa de especialistas para apoiar a gestão e liderar a recuperação da empresa portuguesa, com foco em três grandes áreas. A primeira é a estabilidade financeira, já que, segundo sabe o JE, a Mutares apoiará a Efacec e a equipa de gestão nas áreas de contabilidade, gestão de tesouraria, bem como na implementação de um programa de melhoria de eficiência em toda a organização e cadeia de valor, de forma a transformá-la numa empresa robusta, com uma base sólida e preparada para o crescimento e criação de valor.
A segunda área é a melhoria da divisão comercial. A Mutares pretende actuar como um “catalisador na excelência comercial para acelerar e optimizar ainda mais a actual estratégia comercial, da empresa portuguesa”, revelam as nossas fontes. Para isso vai concentrar-se principalmente em recuperar a credibilidade da Efacec e a confiança do mercado; em aumentar os volumes de negócio; e em tirar partido da rede industrial do Mutares “numa vasta gama de empresas de primeira linha do sector” para aumentar a rentabilidade e a geração de caixa.
Por fim o foco vai estar na produção, o que implica a “implementação das melhores práticas de fabrico e melhoria dos níveis de produtividade”, segundo as nossas fontes.
O objetivo da Mutares é alcançar “um crescimento sustentável e rentável para as empresas do seu portfólio, que beneficiam dos recursos da equipa interna de operações composta por mais de 130 profissionais”, revela fonte.
Tal como avançou o Jornal Económico, a proposta vinculativa para a compra de 71,73% da Efacec apresentada pela Mutares propõe um retorno acima dos 14% a 15% para a estatal Parpública, cumprindo assim o critério para não ser considerada ajuda de Estado.
Enquanto sociedade industrial cotada em bolsa, a Mutares tem uma estratégia de investimento a longo prazo e procura a criação de valor também a longo prazo das empresas adquiridas.
Ao contrário dos tradicionais fundos de private equity, que devem satisfazer as expectativas de rendimento dos seus investidores num prazo limitado, a Mutares não tem necessidade de vender uma empresa num período de tempo limitado e tem como objectivo a continuidade, bem como o desenvolvimento de valor das empresas adquiridas.
Tal como noticiou o Jornal Económico, a empresa alemã, enquanto holding de investimentos, e não como fundo, não está obrigada pelos acionistas a alienar ativos dentro de um determinado prazo. “Vamos simplesmente garantir que conseguimos atingir os retornos no período de investimento”, disse na altura o responsável pela Mutares Ibéria.
Isto significa que a Mutares não está interessada em saídas rápidas, mas sim na criação de valor a longo prazo. Desde a sua criação em 2008, a Mutares efectuou mais de 75 aquisições.
Uma característica da Mutares é que mantém as empresas vários anos. Cinco, seis, sete anos.
Outro ponto a favor da Mutares é o baixo rácio de dívida.
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