1. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admite vetar o diploma sobre as carreiras dos professores se este não for equilibrado. O primeiro-ministro, António Costa, quer rapidamente acabar com a comissão de inquérito da TAP e seguir em frente. Os governantes e ex-governantes que ainda estão a depor já sentem o fim do purgatório.
Por outro lado, o primeiro-ministro e o Presidente da República estiveram em Peso da Régua no Dia de Portugal e receberam alguns elogios e muitas críticas, algumas sob a forma de caricaturas. Marcelo evitou dar relevo. Costa deu muito relevo, irritou-se e entrou em diálogo direto com uma professora, algo que só pode dar mau resultado. Esta é a nossa democracia, feita de guerras constantes.
No final deste mês, teremos Conselho de Estado e um dos convidados de honra é a presidente do parlamento europeu (que só faz elogios a Costa). Vai-se discutir o passado recente e o futuro próximo da política no país. É mais uma pressão sobre o Governo e os “ramos mortos” que podem ser, ou não, apenas o ministro João Galamba.
O primeiro-ministro dá a entender que “esse é o lado para que dorme melhor”, e pavoneia-se com os dados da economia a crescer e da inflação e desemprego controlados. Afinal, estamos próximos da silly season, em que os temas vão ser a falta de mão de obra no setor do turismo, os preços dos bens alimentares que teimam em não descer, os juros que continuam elevados, e os incêndios que voltaram e que se combatem com meios escassos. Até os temas judiciais vão perder importância perante as paragens cirúrgicas dos funcionários judiciais.
E agosto até pode ser um bom mês para uma remodelação, com governantes com perfil mais técnico. Afinal, este é o mês dos muitos concertos e festas e a política já cansa. É possível que arranquemos com o verão e sem nada decidido ou resolvido. A política é isso mesmo: levanta-se muita poeira e varre-se tudo para debaixo do tapete.
2. As redes sociais são um vício, já o sabemos, mas estão a tornar-se um problema global, sobretudo quando falamos de radicalização online. António Guterres levantou, e muito bem, esta questão na ONU. O maior problema está na desinformação global, que puxa pelo ódio, um tema nuclear para a segurança global. Os extremismos levam a isso, mas significa igualmente que o poder político estabelecido está esgotado.
3. Os juros vão continuar a subir. A decisão da Reserva Federal norte-americana de interromper o ciclo de subidas para conter o tema da inflação é temporária e, possivelmente, voltará dentro de semanas com uma nova subida.
Na Europa, espera-se a continuação da subida dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE), embora de forma moderada, mas é possível que a taxa de refinanciamento do BCE chegue aos 5% até meados do próximo ano e, depois, caso a inflação permita, volte a descer. Mas ninguém espera que venha para o nível zero.
Este é mais um problema que deixa famílias, empresas e Estado em situação difícil, porque devem dinheiro. Possivelmente, o maior objetivo de todos os ativos da vida social e pública será pagar dívida e não apenas geri-la indefinidamente. É um assunto que deixa sobretudo os jovens em grandes dificuldades, que pensavam ter ajudas para subir na vida e acenavam com “canudos” que lhes valem pouco. Afinal, o mundo não está assim tão diferente quando comparado com o século passado.