A escassez de mão de obra em geral, o aumento dos custos de transporte e as restrições regulatórias de acesso às cidades. Estas são algumas das “pedras no caminho” que o sector da logística tem pela frente até ao final do ano e que deverão prolongar-se durante 2024.
Este sentimento é defendido por Joaquim Vale, administrador do Grupo Santos & Vale, que em declarações ao Jornal Económico (JE), considera que os “operadores Logísticos que queiram crescer, como é o caso da Santos & Vale, terão de continuar a aproveitar todos os recursos tecnológicos que existem no mercado mas também aqueles que ainda estão na fase de testes, para otimizar e melhorar as suas operações, e com isso melhorar também os serviços prestados, os quais, serão cada vez mais de valor acrescentado”.
Outro dos pontos a ter em consideração nesta equação é a sustentabilidade, pela forma como está cada vez mais a influenciar o ecossistema económico e a levar a cadeia de abastecimento a exigir mais ações a todos os seus intervenientes. “Qualquer ação de sustentabilidade ambiental se não tiver a sustentabilidade económica, mais cedo ou mais tarde irá cair”, afirma.
Sobre o processo de financiamento para espaços de logística no país, o administrador destaca a crescente procura do serviço de logística contratual na Santos & Vale, que levou a um aumento da área neste serviço que ultrapassa já os 40 mil m2, contando até ao final do ano aumentar até aos 60 mil m2.
Investimentos Refreados
Mais pessimista sobre a questão do financiamento está Ricardo Sousa Costa, CEO da Garland Logistics, considerando que o sector logístico tem estado na última década “claramente deficitário”, dado que a procura supera a oferta.
“Esta situação é bem mais notória a Norte e Centro do país, onde sempre escassearam armazéns de média e grande dimensão para arrendamento. Já na zona da Grande Lisboa ainda vai havendo periodicamente alguns investimentos de grande dimensão que vão assegurando alguma oferta para cobrir as principais necessidades logísticas locais”, sublinha.
O responsável realça que antes e até durante a pandemia, houve a entrada de um significativo número de investidores internacionais que criaram uma interessante e dinâmica oferta. Um cenário que mudou com a guerra na Ucrânia e que levou a que alguns dos investimentos “fossem refreados”.
“Os investimentos que ainda assim conseguem avançar dão origem a rendas elevadas, reveladoras do maior risco assumido, que são pouco consentâneas com o que o mercado logístico necessita. A opção pela construção própria continua a ser um caminho possível, já que o acesso ao crédito existe, mas as taxas de juro elevadas e a inaceitável lentidão dos processos de licenciamento autárquico e central, dificultam bastante esta via”, conclui.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com