Já lhe chamam a “Nike parody”, já circula nos meios de comunicação de todo o mundo e já colocou a Nike no topo das marcas mais pesquisadas dos últimos tempos. Já lhe valeu uma forte queda em bolsa e uma recuperação imediata, seguida de fortes ganhos em termos de mediatismo: 43 milhões de euros foi o número avançado pela Baker Street Advertising à Bloomberg.

A verdade é que se uns andam a queimar ténis e a postar vídeos nas redes sociais revoltados com o tema, muitos mais andam a fazer a sua própria versão da imagem da última campanha da Nike, com Colin Kaepernick, e a bater palmas ao sucesso da marca.

A história é simples e o tema não é novo. Aliás, já escrevi sobre ele aqui. Desde que Donald Trump foi eleito presidente, há um avanço e recuo no “to do or not to do it” das grandes marcas norte-americanas quanto às posições que assumem sobre o novo presidente do Estados Unidos e as suas políticas. Na maioria das vezes, o receio tem sido maior do que a aposta, mas algumas já deram grandes passos nesse caminho de assumir uma posição e o resultado compensou sempre o risco. Afinal, uma love brand tem de saber aceitar fãs e detratores.

A mais recente polémica surgiu esta semana e envolve a marca desportiva Nike, que revelou que Kaepernick – o quarterback da NFL que gerou polémica depois de se ter ajoelhado durante o hino nacional, como forma de protesto contra a injustiça racial e a violência policial – fará parte da campanha que assinala o 30.º aniversário do slogan “Just Do It”. Nas redes sociais, sucedem-se os apelos à destruição dos objetos da marca por parte de defensores das ‘políticas Trump’, mas a perda de alguns clientes pode ser compensatória.

Apesar da desilusão de alguns, a verdade é que, desde que o ex-jogador de futebol americano partilhou o anúncio, a exposição mediática da Nike nas redes sociais não tem parado de crescer – e sem qualquer investimento. E nem o próprio Trump lhe ficou indiferente, fazendo, como já é habitual, um polémico comentário no Twitter.

Kaepernick não é o único a fazer parte desta campanha com o lema “Dream Crazy” – LeBron James e Serena Williams também lá estão – mas, até agora, foi o mais polémico. A Nike quer passar ao mundo a mensagem de que nada é impossível. Vale a pena acreditar. Uma frase que também pode ser válida para Donald Trump e a sua subida ao poder, mas que pelos vistos belisca o presidente.

Tomar uma posição tem sempre um custo para qualquer marca, mas os ganhos são, na maior parte das vezes, maiores do que as perdas, e como diz o anúncio em causa: “Acredita em alguma coisa. Mesmo que isso signifique sacrificar tudo”. Vale a pena ver!