Corria o ano de 1841 quando foi publicada a obra “Deux ans en Espagne et au Portugal”, do escritor polaco Karl Dembrowski, onde consta uma entusiástica descrição: “Em Mafra há que ouvir um magnífico carrilhão de 104 sinos. Tocam valsas, contradanças, minuetes, enfim todo o género de música. O mecanismo que põe em movimento os sinos assemelha-se ao de um órgão. Tem, além disso, um teclado de 4 oitavas para as obras de fantasia. O organista toca dando murros nas teclas que correspondem às notas agudas e fortes pancadas com os tacões dos sapatos nos pedais das graves”.
Serve esta descrição extremamente visual para introduzir mais uma edição do Festival Internacional de Carrilhão, que irá decorrer de 30 de julho a 27 de agosto no Claustro Sul, do Palácio Nacional de Mafra. O concerto inaugural está a cargo do austríaco Peter Höngesberg, de 34 anos, nascido na Alemanha, onde estudou música sacra e órgão. Atualmente, vive como postulante na abadia cisterciense Stift Heiligenkreuz, na Áustria, onde toca o carrilhão desta abadia. No programa vão estar compositores como Matthias v. d. Gheyn, Johann Sebastian Bach e Johan Berghuis.
No dia 6 de agosto, o segundo concerto de carrilhão será interpretado por Abel Chaves, diretor do Festival Internacional de Carrilhão de Mafra 2023, com uma longa carreira em torno deste instrumento musical, tendo sido nomeado, em 1993, pela Secretaria de Estado da Cultura como carrilhanista titular do Carrilhão do Palácio Nacional de Mafra. Além de compositor é também responsável pela fundação de diversas escolas dedicadas ao ensino do carrilhão. A seu cargo terá a interpretação de “As Quatro Estações”, de Vivaldi.
A norte-americana Annie Gao, carrilhanista e engenheira de software do sul da Califórnia, iniciou os seus estudos de carrilhão na Yale University Guild of Carillonneurs, e formou-se em Yale em 2021, em Ciência da Computação. Prosseguiu os seus estudos de carrilhão na Europa e nos Estados Unidos, e traz a Mafra, no dia 13 de agosto, obras de compositores tão diversos como Philip Glass, Samuel A. Ward, Bart Howard e Franz Schubert, entre outros.
A 20 de agosto, o holandês Antonius Raats, que estudou carrilhão na Escola Real de Carrilhão, em Mechelen, Bélgica, tem uma longa relação com o instrumento, sendo, desde 2010, carrilhanista em Roosendaal, uma pequena cidade no sul dos Países Baixos. Traz na bagagem obras de Astor Piazzolla, Jacques Brel, Henry Purcell, Willem Vogel e Giacomo Puccini, entre muitos outros de épocas muito distintas.
No fecho da edição de 2023 do Festival Internacional de Carrilhão, Mafra acolhe a norte-americana Maria Krunic e um repertório extremamente eclético, que irá percorrer obras de Justin Hurwitz, Johann K. F. Fischer, Robert Byrnes, Jeff Rottiers e Alice Gomez, entre outros. A jovem intérprete cresceu em Chicago, filha de pais sérvios emigrados nos EUA. Iniciou a sua educação musical ao piano e, já na universidade, encantou-se pelo carrilhão na Rockefeller Memorial Chapel. Em junho de 2021, passou no exame profissional para a Guilda dos Carrilhanista da América do Norte (GCNA).
O programa consiste num total de cinco concertos, sob direção artística de Abel Chaves, e terão lugar ao domingo, às 16h00. A entrada é livre.
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