Nesta segunda-feira, dia 4 de Setembro, teve início o novo ano lectivo, a abertura oficial decorreu dia 1 de Setembro e apesar da pompa e circunstância nem tudo corre de feição em Angola.
Os dias que o antecederam foram marcados por preocupações acrescidas por parte dos encarregados de educação, não só os dos discentes das escolas públicas como os pais dos meninos que estudam em colégios particulares.
No caso dos primeiros, a cada novo ciclo devem apressar-se para garantir uma vaga e mesmo que em alguns casos pernoitem à porta das escolas não tem garantias de poder matricular os seus filhos é que há um défice de salas de aula e uma escassez de professores, não obstante o anúncio do ministério da educação para a contratação de 11 mil professores, no último ano eram necessários aproximadamente 60 mil.
Para os encarregados de educação que têm os filhos em colégios a dor de cabeça advém da preparação de um documento conjunto entre o ministério das finanças e da educação que poderá prever a subida das propinas até 10%, sendo que estes custos continuam sobre uma estratégia que abarca produtos e serviços em regime de preços vigiados. De referir que em alguns casos, paga-se mais num colégio do que numa universidade.
É possível depreender que para uma população de quase 33 milhões de habitantes maioritariamente jovem, é grande o desafio de criar condições para a melhoria e oportunidades de ensino, contudo creio que para além de um investimento mais substancial ao nível do Orçamento Geral do Estado, deveria existir uma aposta na implementação de outras formas de aprendizagem.
Dados da UNICEF demonstram que 22% das crianças em idade escolar se encontram fora do subsistema de ensino angolano, e apontam como possíveis caminhos para a redução desta percentagem o recurso a programas, visando educação em situação de emergência, que consiste em projectos de capacitação de técnicos da educação, professores e crianças, a provisão de espaços temporários para o processo de ensino e aprendizagem, kits de educação para professores e alunos e kits recreativos para a primeira infância aplicando-se em zonas de seca extrema, cheias ou epidemias.
A educação para raparigas, pois esta situação é preocupante, principalmente nas áreas rurais e na fase da transição para o ensino secundário, onde se regista um número mais elevado de abandono escolar. E a educação alternativa, que consiste na concepção de um programa de Educação Alternativa e adaptada ao contexto (incluindo educação itinerante), que permita que essas crianças adquiram habilidades básicas para a vida.
São inúmeros os desafios que devemos ultrapassar, contudo, creio que o investimento na educação será sempre um modo de desenvolvimento de um país sendo o percurso escolar de base um modo de garantir oportunidades de formação e capacitação.
A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.