Uffizi rendem-se ao universo feérico de Joana Vasconcelos

Entre o céu e a terra ficam as galerias Uffizi, logo, o trio de obras que Joana Vasconcelos irá expor neste reputado espaço não poderia estar mais em sintonia com o local – “Between Sky and Heart” estabelece a ligação entre mito, história e tradição com ironia e irreverência, desafiando convenções e estereótipos.

De 4 de outubro a 14 de janeiro, as obras de grandes dimensões selecionadas para a exposição poderão ser vistas nas Galerias das Estátuas e das Pinturas, e na Medici Real do Palácio Pitti.

A Galleria degli Uffizi, em Florença, Itália, é tão-só o mais famoso museu da cidade e um dos mais conhecidos e relevantes em todo o mundo. Foi um dos primeiros museus modernos do mundo, tendo aberto as portas ao público em 1765, embora tivessem de passar cem anos até ser formalmente um museu. Este é o ‘espaço-guardião’ de tesouros com a assinatura dos mais aclamados mestres da arte italiana, como Da Vinci, Artemisia Gentileschi e Michelangelo, Caravaggio, Botticelli ou Piero della Francesca, entre muitos outros.

Este é mais um momento alto a acrescentar ao rol de ‘momentos’ que fazem com que 2023 já possa ser considerado um ano pleno para a artista portuguesa, presente em numerosas coleções públicas e privadas, e acervos de museus em todo o mundo.

As palavras de Eike Schmidt, diretor das Galerias Uffizi, corroboram o excelente momento que a energia criativa de Joana Vasconcelos atravessa. “A série de mostras dedicada pelas Gallerie às mulheres artistas, inaugurada em 2016, continua este ano com um grupo de grandes instalações criadas especificamente para as Uffizi e o Palazzo Pitti por uma das protagonistas da arte contemporânea a nível internacional”. E conclui dizendo: “Estamos muito orgulhosos por receber a primeira exposição de sempre de Joana Vasconcelos na nossa cidade”.

Para se ter a perceção do quão eletrizante tem sido 2023 para a artista plástica portuguesa, recorde-se que, em fevereiro, apresentou ao mundo Valkyrie Miss Dior em colaboração com a casa de moda francesa no Jardin des Tuilleries.

Em abril, inaugurou a Árvore da Vida criada no âmbito da Temporada Portugal-França na Sainte-Chapelle de Vincennes, que tem sido das mais visitadas neste espaço único, e no mês de junho apresentou o Bolo de Noiva desenvolvido para a Fundação Rothschild em Waddesdon Manor, Reino Unido. Seguiu-se, em julho, uma deslocação à China para apresentar Valkyrie Miss Dior em Schenzhen e inaugurar uma exposição individual na galeria Tang de Pequim.

A 29 de setembro, Lisboa recebe a sua mais recente exposição, “Plug-In”, concebida para o MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, que cruza algumas das suas peças de grandes dimensões mais icónicas e obras inéditas. Em outubro, terá a honra de dialogar com os grandes mestres das Uffizi, numa exposição que será, certamente, um marco na sua carreira.

“Sou uma artista do contemporâneo, integro-me na criação deste momento histórico, e nunca teria sonhado expor no mesmo museu que acolhe obras de Leonardo Da Vinci, Michelangelo ou Caravaggio. Este convite do diretor das Uffizi é uma enorme honra. Porque, independentemente de ser um artista vivo ou morto, o que interessa é o diálogo gerado entre as obras. A moldura que é o próprio edifício enquadra a produção artística de que século for”, avança Joana Vasconcelos.

Naquela que é a primeira mostra da artista em Florença, e logo num local tão emblemático como as Uffizi, não é de estranhar que Joana Vasconcelos remeta para a importância da História da Arte. “Este espaço tem o poder mágico de anular o tempo, como uma máquina do tempo. A coisa mais maravilhosa das Uffizi é a história da arte.”