Haverá refúgio contra um dólar forte?

É comum na gíria dos investimentos ouvirmos “o ouro e a prata são os melhores ativos de refúgio”. Pois bem, nem tudo nesta afirmação é verdade.

Os metais preciosos como o ouro e a prata têm uma correlação inversa gigante com o dólar americano. Isto significa que, normalmente, quando o dólar valoriza, a prata e o ouro caem e quando o dólar desvaloriza, o ouro e a prata tendem a subir.  Assim, investir e considerar estes metais para quando o mercado entra num sentimento de risk-off é questionável, pois em tal situação o dólar tende a valorizar, os rendimentos das obrigações a subir e, por sua vez, os metais preciosos a desvalorizar, que é o precisamente o que foi observado nos últimos dias. Pode-se acrescentar ainda que numa situação em que os índices acionistas entram em quedas mais profundas, normalmente o dólar ganha ainda mais valor e, assim, os metais preciosos como ouro e prata tendem a depreciar-se, dada a correlação inversa com o dólar.

Explicamos neste artigo completo como negociar ouro online.

Deste modo, pensar que adquirir ouro e prata dará uma proteção forte ao nosso portfólio poderá não ser verdade. Proteger o portfólio, pode ser simplesmente fazer uma cobertura de risco utilizando short-selling em índices ou ações.

Aprenda neste artigo como beneficiar das quedas nos mercados.

Vejamos alguns casos históricos das valorizações e desvalorizações do ouro

Quando os mercados financeiros assumiram a COVID-19 como uma ameaça à economia global, com os índices acionistas a entrarem em queda livre, o ouro não foi excepção, desvalorizando perto de 15% no espaço de 2 semanas. Posteriormente, quando os bancos centrais intervieram com ajudas e injetaram liquidez no mercado em larga escala, para que os 0governos pudessem ajudar as suas economias, o ouro reagiu logo positivamente, atingindo uma valorização desde os mínimos de março de 2020 até agosto de 2020 em mais de 42%. Portanto, aqui conseguimos notar uma correlação positiva com o preço das obrigações do tesouro e com os títulos. Para que o ouro e a prata servissem como ativo de refúgio e cobertura de risco teriam que se ter comportado numa relação inversa. Contudo, isto não significa que os metais preciosos não sirvam como reserva de valor ou como ativo de refúgio, uma vez que em caso de catástrofe, como uma guerra, os metais preciosos tendem a ter altas valorizações.

Vejamos agora o exemplo da invasão da Ucrânia por parte da Rússia em fevereiro de 2022. Volvida uma semana e meia, o ouro tinha subido mais de 8,5%, enquanto que os índices bolsistas sofriam desvalorizações fortes e o dólar apreciava fortemente contra todas as principais moedas. Aqui está um exemplo em que ouro e prata serviram como ativos de refúgio, pois o preço das ações caía mas o preço do ouro e prata subiam, compensando uma parte das quedas sofridas.

Deste modo, deve considerar colocar posições em ouro e prata na sua carteira como uma forma de diversificação do seu portfólio ou como reserva de valor contra movimentos inflacionistas, principalmente quando se acredita que o dólar americano irá perder força; ao mesmo tempo poderá servir como hedging (cobertura de risco) em caso de situações adversas e incertas quanto ao futuro macroeconómico, como tensões geopolíticas. No entanto, deve-se ter sempre uma especial atenção aos possíveis cenários para o dólar, já que a sua alta correlação inversa dará sinais de como se poderão comportar os metais preciosos no futuro.

Diversificar o portfólio de investimentos é fundamental. Saiba como neste artigo.

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