Nestes últimos meses temos tido o privilégio de estar com cada vez mais empresas que estão a tentar formar relações diretas com os consumidores, obrigando desta forma a que o retalho tenha a necessidade de redefinir o seu propósito e encontrar novas formas de criar valor.

O digital criou novas formas para as startups venderem produtos de consumo diretamente ao consumidor final. Desde as lâminas de barbear à beleza feminina, estas estão a ultrapassar os retalhistas e a ganhar quota de mercado às tradicionais empresas de produtos de consumo.

O retalho online tem visto a sua percentagem nas vendas totais de retalho a aumentar em todos os países. Mas acreditamos que, apesar de o impacto estar a ser altamente disruptivo, este é apenas o início de uma mudança muito maior e radical.

E se os ativos digitais se tornassem a norma, em vez dos produtos físicos? Os consumidores poderiam então utilizar código fonte digital e tecnologias de produção caseiras, tais como a impressão 3D, para produzirem por si mesmos os seus produtos finais.

Todos nós poderíamos produzir a nossa própria escova dos dentes, desenhada para a forma única da nossa boca. Sensores digitais recolheriam e partilhariam os nossos dados de higiene dentária com designers na empresa de produtos de consumo, a qual os utilizaria para produzir de forma mais eficaz a nossa próxima escova de dentes. Poderíamos produzir uma nova a cada dia, na nossa própria casa de banho. Em vez de comprar um produto (uma escova de dentes) subscreveríamos uma solução personalizada e otimizada de saúde dentária.

É com esta perspetiva e baseado em metodologias de Design Centrado em Pessoas, que temos vindo a trabalhar com diversas empresas de produtos de consumo e retalhistas para compreender como algumas das assunções fundamentais que definiram a indústria nas últimas décadas estão a mudar, e o que isto significa para as empresas hoje. Irá o digital transformar as empresas de produtos de consumo em empresas de soluções de consumo? E qual o impacto desta transformação nos retalhistas?

Hoje, muitos de nós já escolheram possuir menos, com as subscrições a tornarem-se a norma em muitas das áreas da nossa vida. Pagamos para ter acesso a música e automóvel, e no futuro iremos fazer o mesmo com roupas e gadgets. Não serão tanto os objetos que possuímos que nos conferirão status, mas sim as experiências que teremos.

De uma coisa estamos certo… as necessidades dos consumidores estão a mudar e o mundo do retalho que os serve tem também de mudar. As empresas que estão a liderar esta transformação irão usar a tecnologia e os dados para se tornarem parte da vida dos consumidores, oferecendo-lhes muito mais do que apenas produtos… oferecendo-lhes soluções.