A DBRS emitiu uma nota sobre como é que os riscos das alterações climáticas podem afetar a notação financeira dos bancos portugueses.
Em resumo a agência diz que as alterações climáticas estão a emergir como uma das principais prioridades para a estratégia, governação, gestão de risco e comunicação dos bancos.
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“Os bancos estão a aumentar o seu compromisso para melhorar a sustentabilidade das suas operações, apoiar o financiamento da transição para uma economia de baixo carbono até 2050, bem como melhorar a integração dos riscos climáticos nos seus quadros e modelos de risco”, segundo Nicola De Caro, Senior Vice President Credit Ratings – European Financial Institutions.
“Até agora, os factores de risco ambiental não tiveram impacto nas notações atribuídas à nossa cobertura bancária em Portugal. No entanto, os factores de risco relacionados com o clima poderão ter um impacto ao longo do tempo, caso os riscos não sejam adequadamente mitigados”, alerta Nicola De Caro.
“Até à data, os fatores de risco ambientais não tiveram impacto nos ratings ou tendências atribuídos à nossa cobertura bancária em Portugal (Caixa Geral de Depósitos, Banco Comercial Português, Novobanco, Caixa Económica Montepio e Banco Santander Totta)”, alerta Nicola De Caro.
A DBRS que adverte que “os factores de risco relacionados com o clima poderão ter um impacto negativo nas notações dos bancos ao longo do tempo, caso os riscos não sejam adequadamente mitigados”.
“Na nossa opinião, os bancos portugueses estão a aumentar o seu compromisso e esforço para melhorar a sustentabilidade das suas pegadas operacionais, bem como para apoiar o financiamento do processo de transição da economia para emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2050”, defende a DBRS.
De um modo geral, os bancos continuam a trabalhar na recolha de dados climáticos, a desenvolver metodologias e análises de cenários para melhorar os processos de identificação de riscos, monitorização e medidas de mitigação.
“No entanto, a disponibilidade, a granularidade e a qualidade dos dados continuam a ser um desafio”, constata a agência canadiana.
“Estão a surgir mais informações sobre os riscos climáticos através da divulgação de dados pelos bancos e das publicações dos bancos centrais. Em julho de 2022, o BCE publicou o seu primeiro teste de esforço sobre os riscos climáticos para os bancos europeus e um ano depois, o Banco de Portugal (BdP) publicou o seu primeiro relatório anual sobre a exposição do setor bancário aos riscos climáticos”, revela instituição.
A recente análise de cenários do Banco de Portugal aponta para perdas esperadas mais elevadas para os bancos, caso a transição climática planeada se torne mais difícil.
“A divulgação dos riscos climáticos pelos bancos continua a ser um trabalho em curso. Em linha com a evolução da regulamentação, esperamos que os bancos intensifiquem os seus esforços para melhorar e aumentar a divulgação de informações financeiras relacionadas com o clima”, defende a DBRS.
Uma avaliação preliminar dos riscos climáticos revela uma certa vulnerabilidade do crédito aos riscos físicos e uma concentração do crédito em sectores susceptíveis de serem afectados pelo processo de transição climática.
A análise dos riscos físicos para Portugal, baseada nas publicações do BCE e do BdP, “mostra alguma concentração de crédito em empresas que são propensas a riscos físicos elevados, particularmente de stress térmico, stress hídrico e incêndios, e, em menor medida, à subida do nível do mar e às tempestades. Em geral, os bancos portugueses parecem estar mais expostos a riscos físicos elevados do que a média europeia”, conclui a DBRS.
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