O terrorismo só pode ser concebido como o espalhar do terror. Porém, os políticos pensaram que associá-lo à política seria uma boa ideia. À letra, no Halloween anglo-saxão as partidas fortes que se pregam são terroristas, mas os políticos dizem que são brincadeiras. O grupo oponente numa guerra, esse já é terrorista, só porque é o inimigo.

Lembrem-se do tempo de Salazar e de Marcelo Caetano e dos terroristas. Estes eram os grupos que lutavam pela independência das colónias, as suas terras. Quem seriam os terroristas para eles? Nós, é claro!

Pode-se perceber melhor a ideia de terrorismo com as Brigadas Vermelhas em Itália nos anos ’70. Estudantes de extrema-esquerda que não sendo reformistas, queriam, pela violência, destruir a sociedade burguesa. Alguns magnatas aproveitaram-se desta luta.

Não é de todo o que se passa agora em França, país que nos massacra diariamente nos seus meios de comunicação com a ameaça permanente do terrorismo, levando-a a negar princípios-chave da UE. Quando dos vários tumultos que têm existido em França e em que há grupos terroristas que queimam carros e partem montras, penso que se deve fazer logo a pergunta: “a quem beneficia o crime?” Só se vê um partido neste momento: o Rassemblement National. Criar o pânico, irritar (a praga dos percevejos), tudo isso: quem beneficia?

Sob a égide do laicismo, o governo do Senhor Macron proibiu o uso de abayas nas escolas. Ora não me venham cá dizer que isto não é anti-islamismo. Em França, os muçulmanos, que são muitos, sentem-se revoltados e podem juntar-se a grupos ditos terroristas. É curioso que com tanta laicidade, uma cruz ao peito já seja aceite por se tratar de uma joia discreta! Nestas coisas há sempre um buraquinho. País laico, mas irritar os católicos, a religião tradicional, isso é que não.

Não percebo para onde é que este governo Borne/Macron está a ir. Se é por medo de que as abayas versus os kippot possam atiçar a antiga rivalidade muçulmanos/judeus, então, mesmo sem abaya e sem kippa os alunos sabem muito bem quem são uns e outros. Tanto fingimento! Mas parece-me que os judeus vão para escolas judias e que os muçulmanos, mais pobres que os anteriores, têm de ir para escolas públicas, e então, que sofram o vexame de ter de deixar as vestimentas tradicionais porque em França que se vistam à francesa. A maior parte já lá nasceu, mas conservou os hábitos da família e do país oriundo. Sentir-se forçado, leva à revolta. O Governo francês não vê?

Aquele, tal como o governo italiano actual, fecham fronteiras, negando o acordo de Schengen através de cláusulas de emergência porque, dizem, os imigrantes, aqueles que chegam vivos de barco, são potenciais terroristas, ou não fossem eles na maioria muçulmanos.

Que bonito espectáculo nos dão os políticos! E negam directrizes da União Europeia que dão quotas a cada país para acolher refugiados, que para estes são imigrantes perigosos. Se o fossem, arriscavam-se aos perigos por que passam, esses migrantes como eles lhes chamam? Pois se são migrantes, então, andam de um lado para o outro e não representam perigo nenhum. Senhores políticos e senhores “jornalistas” aprendam primeiro.

E temos de voltar à banal conclusão. A Europa fasciza-se por um medo popular irracional do diferente, medo esse aproveitado e explorado por partidos políticos muito ambiciosos. Quando a pobreza se espalhar já será tarde para lutar porque o sistema será ditatorial.

Os muçulmanos são, hoje em dia, na Europa, a desculpa para o terrorismo, para que se instaure uma ditadura com o apoio das populações. Que há muçulmanos fanáticos, há, mas isso existe em todos os grupos sociais e em todas as religiões. E quanto aos trajes religiosos de que falávamos há pouco abramos bem os olhos e vejamos comos os há em tantas religiões.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.