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Christine Lagarde: “Estamos determinados a reduzir a inflação para 2% até 2025”

“O nosso mandato é garantir a estabilidade de preços”, recorda a presidente do Banco Central Europeu em entrevista a jornal grego – numa altura em que muitos economistas chamam a atenção para os ‘efeitos colaterais’ que se avizinham.
5 Novembro 2023, 19h27

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, disse que uma desaceleração da inflação é “certamente nossa previsão” e que a instituição está determinada em trazer os preços de volta à meta de uma inflação média de 2%.

“Estamos determinados a reduzir a inflação para 2%”, disse Lagarde ao jornal grego Kathimerini, entretanto transcritas para o site do BCE. “De acordo com as nossas projeções, chegaremos lá em 2025”, afirmou ainda – o que dá mostras de que a alta dos juros pode manter-se ao longo de todo o ano de 2024, num esforço que um grande número de economistas já disse que acabará, mais tarde ou mais cedo, por gerar uma recessão na Europa.

Ora, em teoria, uma recessão é a melhor forma de combater a inflação: com a diminuição da produção das empresas e o consequente desemprego, haverá menos dinheiro no bolso dos consumidores e consequentemente os preços tenderão a baixar. Com a diminuição da atividade, dar-se-á um ajuste em baixa do preço do petróleo, que, em movimento de cascata, acabará por puxar a inflação para o seu lugar de eleição (no coração do BCE) de 2%. Depois disso, será a vez de cada governo dar conta dos ‘efeitos colaterais’ que o ‘remédio’ terá provocado, dizem os analistas menos convictos da validade da prescrição. Uma coisa é certa: quando tudo isto acontecer, muitos ‘doentes’ já terão desaparecido da lista dos ‘vivos’, afirmam.

Christine Lagarde disse ainda que não está preocupada com as implicações políticas dos esforços do banco central, que foram criticados por alguns governos europeus, preocupados com a evidência de que as taxas de juros mais altas sufoquem o crescimento. Irredutível, Lagarde recordou que “o nosso mandato é garantir a estabilidade de preços, e esta é a melhor contribuição que podemos dar para a paz social e a sociedade, particularmente para os mais vulneráveis dos seus membros”, disse – indo contra aquilo que um número crescente de economistas considera aceitável.

O BCE interrompeu, recorde-se, uma campanha sem precedentes de aumentos das taxas de juros. As autoridades sinalizaram que os custos dos empréstimos permanecerão elevados, para garantirem que os aumentos de preços ao consumidor regressem aos 2%, embora o enfraquecimento da economia da Zona Euro esteja a levantar questões sobre quando os cortes deixarão de necessários.

Sobre esta matéria, não há consenso. E para piorar os adeptos do alívio das restrições à política financeira, a Reserva Federal norte-americana acabou na sua última reunião sobre a matéria por deixar os juros intactos – quando há apenas seis semanas havia uma forte expectativa de que poderia decidir a primeira mexida em baixa depois de uma longa série de subidas.

Ficou claro para os economistas que, sendo assim os ventos que atravessam o Atlântico, Lagarde e a sua equipa de fervorosos seguidores das políticas monetárias norte-americanas iriam fazer o mesmo. Convém ainda recordar que este seguidismo é efetuado com um assinalável ‘delay’: só várias semanas depois de a FED recomeçar a baixar as taxas de juro é que o BCE fará o mesmo.

Falando para um jornal grego, Christine Lagarde observou que os principais indicadores de desempenho da situação económica e financeira da Grécia mostram “melhorias em toda a linha”. O rating sobre a dívida da Grécia foi elevado para grau de investimento pela S&P Global Ratings em outubro passado, o primeiro movimento desse tipo de uma das três principais agências de rating do mundo desde que o país foi abalado por uma crise da dívida há mais de uma década.

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