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Investimento em imobiliário comercial caiu 46% para mil milhões de euros até setembro

Desta verba, 275 milhões de euros foram investidos no terceiro trimestre. Relatório da consultora JLL aponta “postura mais cautelosa dos investidores e de um atraso na concretização de muitas operações” como justificação para esta queda homóloga.
6 Novembro 2023, 17h33

O investimento em imobiliário comercial em Portugal registou uma quebra de 46% para mil milhões de euros nos primeiros nove meses do ano face ao período homólogo de 2022, segundo os dados do relatório ‘Market Pulse’ da consultora JLL divulgados esta segunda-feira, 6 de novembro.

Desta verba, 275 milhões de euros foram investidos no terceiro trimestre, com o segmento da hotelaria a ser responsável por 39% do volume deste investimento, impulsionado pela aquisição de um portefólio de hotéis, que representou perto de um quarto do volume total. Já o retalho teve um peso de 36% relacionado com a operação de compra de um portefolio com 40 supermercados. Os clientes internacionais foram responsáveis por 70% dos investimentos realizados.

No segmento da hotelaria, até ao mês de agosto, verificaram-se 20,3 milhões de hóspedes e 52,9 milhões de dormidas, em ambos os casos mais 10% do que os níveis de 2019. Nos primeiros nove meses, Lisboa e Porto registaram taxas de ocupação de 74% e 70%, respetivamente, mas ficando ainda ligeiramente abaixo dos valores do mesmo período de 2019.

Por sua vez, os preços das estadias diárias fixaram-se, neste período, em 167 euros em Lisboa e em 129 euros no Porto, tendo sido registado um recorde de 45 unidades hoteleiras inauguradas desde o início do ano.

Na habitação, o mercado de Lisboa observou uma forte adesão da procura aos novos projetos lançados, com os preços médios a fixarem-se nos 4.580 euros/m2, sendo que no caso dos segmentos mais elevados atingiu o valor médio dos 8.500 euros/m2.

Já na cidade do Porto assistiu-se uma ligeira quebra de 2% no terceiro trimestre, com o preço médio a situar-se nos 3.020 euros/m2, tendo o valor de venda no segmento mais elevado ficado em torno dos 5.000 euros/m2.

No que diz respeito ao segmento dos escritórios os primeiros nove meses de 2023 registaram uma ocupação de 72.150 m2, uma quebra expressiva de 71% face ao período homólogo do ano anterior. No período em análise, perto de 65% da área ocupada foi verificada com a mudança de instalações.

Em Lisboa, as empresas de TMT’s & Utilities foram as mais dinâmicas com 31% da ocupação do ano, com as novas zonas de escritórios a registarem a maior absorção (27% do take-up).

O Prime Central Business District (CBD) manteve a renda prime em 27 euros/m2, enquanto as zonas do CBD e Novas Áreas de Escritórios apresentaram ligeiros aumentos das rendas, apesar do crescimento da taxa de disponibilidade, que está agora em 10,3% do stock. Em construção estão cerca de 268 mil m2 de escritórios.

Já o Porto observou uma ocupação de 40.620 m2 entre janeiro e setembro, menos 10% do que no período homólogo. Tal como em Lisboa, cerca de 54% da ocupação resultou da mudança de instalações, assim como o dinamismo das TMT’s & Utilities e empresas de Outros Serviços, ambas responsáveis por 27% da ocupação.

As rendas prime no Porto verificaram uma subida no terceiro trimestre, atingindo os 19 euros/m2 no CBD Boavista, estando em construção perto de 90 mil m2 de escritórios.

No retalho a renda para os shoppings prime aumentou para 130 euros/m2, não tendo sido verificado um impacto negativo provocado pela inflação.

Por seu turno, o segmento de industrial & logística teve até setembro uma ocupação de 358 mil m2, um aumento de 10% face ao período homólogo, com Lisboa a ser responsável por 47% da ocupação e o Porto outros 23%.

As rendas prime mais elevadas registam-se na região de Lisboa, nomeadamente no eixo Carnaxide-Alfragide e no centro da cidade, em 6,25 euros/m2. No Porto, o eixo Norte lidera as rendas, em 4,75 euros/m2.

Pedro Lancastre, CEO da JLL Portugal, refere que “os resultados do terceiro trimestre não surpreendem. Os ciclos económicos afetam o mercado imobiliário e o final do primeiro semestre já deu sinais de abrandamento na atividade transacional de ocupação e investimento. Apesar de a pressão inflacionista estar a aliviar e de o BCE não ter subido os juros na última reunião, continua a haver muita incerteza em relação à evolução macroeconómica e em como os consumidores de imóveis, sejam empresas sejam famílias, e a banca se vão adaptar”.

Por sua vez, Joana Fonseca, Head of Strategic Consultancy & Research da JLL, destaca que “nos escritórios e na habitação, principalmente, o principal impacto desta envolvente mais pressionante tem sido observada na perda de volume, realizando-se menos transações do que na média dos anos anteriores”.

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