A artista Joana Vasconcelos subiu ao palco da criação de conteúdo da Web Summit para falar aquilo que melhor sabe: arte.
Com o painel intitulado “Criar arte no mundo moderno”, Joana Vasconcelos relembrou um bocado do seu percurso no início da conversa mas vincou que “todos podemos ser criativos”. Para a artista, a criatividade está à vista e é só preciso ter ideias.
Sobre o surgimento de uma ideia, Joana Vasconcelos admite que a ideia surge “crua” e que o seu papel é “traduzi-las para a realidade”. “Comunico o que quero fazer com a minha equipa, trocamos ideias e fazemos acontecer”.
Sobre a incorporação de tecnologia nas peças, a artista afirma que existe uma equipa destinada para o efeito. Isso aconteceu com a utilização de luzes leds nos últimos trabalhos. “Temos pessoas de tecnologia a trabalhar connosco”, disse em palco.
“No anel [que está em frente ao MAAT], juntámos croché e luzes. Tivemos uma equipa destinada a juntar isso para que tudo corresse bem”, contou.
Num processo mais filosófico, a artista plástica evidencia que a “arte não precisa de tradução” devido aos significados personalizados que toma para cada pessoa.
A própria arte, nas palavras de Joana Vasconcelos, “não quer saber de fronteiras, de países”. “Nós, artistas, queremos comunicar com as pessoas, seja num espaço público ou privado”, referindo-se à presença em museus ou fora destes, como acontece com as suas peças.
Joana Vasconcelos admite que a “arte pública está acessível a todos”. Como uma verdadeira artista, Joana vê e respira arte.
Sobre a sua presença em museus, a artista plástica admite que se sente “honrada”. “Estar num museu enquanto ainda sou viva… É bastante positivo. Os museus são espaços interessantes, porque a maioria do que está exposto pertence a pessoas já mortas”.
Uma das experiências que Joana Vasconcelos não esquece é o Bienal de Veneza, de 2005, onde apresentou um candelabro feito com 25 mil tampões. Mas, só mais tarde, como a própria o contou, percebeu que a arte tinha significados diferentes.
“Em Veneza as pessoas ficaram horrorizadas. Depois fui com esta mesma obra para a Turquia, um país mais fechado. Foi aqui que um jornalista estava a filmar e comentou que nunca tinha visto um tampão. Claro que entretanto isso já mudou”.
“Por isso mesmo digo que a arte não tem fronteiras. A arte significa algo diferente para diferentes países e diferentes religiões”, assumiu.
Em conversa com a jornalista da CNN Portugal, Sara de Melo Rocha, a artista plástica lembrou ainda que foi a primeira mulher a expor em Versailles. “Não tive essa consciência até lá chegar e me dizerem”, disse. “Não tinha noção da importância de ser mulher neste mundo [da arte], mas isso já mudou”.
Ainda que não tenha desfilado, Joana Vasconcelos esteve presente no desfile da Dior. “O desfile teve 110 milhões de visualizações. Percebemos que é um evento que as pessoas procuram”.
“Depois do desfile pediram-me para integrar uma peça em todas as vitrines. Não sabia a dimensão até me dizerem que eram à volta de 500 lojas mundiais. Disse que não conseguia fazer tanto mas depois fiz e foi positivo. Recebi fotografias de vários países e aqui percebi o poder do streaming e das redes sociais”, disse.
Este projeto também “cria uma relação diferente e uma emoção diferente” entre o observador e a arte.
“Criamos uma ligação diferente quando a peça é vista online e em pessoa. No online queremos atrair a pessoa a ver ao vivo, despertar a sua curiosidade. Ver pessoalmente tem outra experiência e outra emoção”.
Para a artista portuguesa, a “Inteligência Artificial nunca vai eliminar ou substituir as emoções que o ser humano tem”.
O único auxilio que a tecnologia pode trazer, na opinião de Joana Vasconcelos, é para “perceber o que as pessoas acham do meu trabalho e que emoções a minha arte lhes desperta”.
Sobre o futuro da tecnologia e da arte, a artista espera “um diálogo entre os dois mundos”. “Espero que a tecnologia ajude os artistas a ir mais além, aprender novas técnicas mas que a Inteligência Artificial também aprenda sobre a arte e sobre os artistas”.
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