Com o governo já em exercício e tentando ‘desfocar’ as questões em torno do acordo que prevê uma lei da amnistia e uma forma (ainda não totalmente esclarecida) de voltar a auscultar as tentações independentistas da Catalunha, Pedro Sánchez começou esta semana a desviar as atenções para a área social.
A ideia é dar a entender que a sociedade terá de ser a primeira beneficiária do aumento da riqueza do país e passar a mensagem de que nenhum espanhol ficará para trás. É a agenda do Sumar, partido que faz parte da coligação do novo governo, que dá sempre excelentes ‘letras gordas’ na imprensa.
Mas os analistas parecem estar convencidos de que o novo governo – que é definitivamente constitucional, apesar das invetivas da extrema-direita do Vox, devidamente aceite pelo rei Filipe VI – vai mesmo conseguir manter em alta o crescimento económico.
“A Espanha estabeleceu o seu novo gabinete liderado por Pedro Sanchez. A atual coligação de centro-esquerda negociou um compromisso político com os partidos regionais, através de seis acordos políticos diferentes entre os dois principais partidos (PSOE e Sumar) e os partidos regionais, incluindo o Partido da Independência Catalã (Junts)”, refere a consultora norte-americana num research.
“Dado o grande número de acordos políticos separados, o avanço da consolidação fiscal e a implementação do Fundo Europeu de Recuperação [o PRR espanhol] continuarão a ser uma prioridade fundamental do novo governo. A economia tem apresentado um desempenho superior ao do resto da União Europeia em 2023, apesar da considerável resistência ao crédito, graças ao sólido crescimento do consumo privado”.
É neste quadro que a Goldman Sachs espera que “a resiliência do consumo privado se prolongue até 2024 devido a um mercado de trabalho sólido e a um crescimento mais forte do rendimento real. Do lado da produção, os serviços e os bens de consumo continuaram a registar um desempenho superior ao do resto da economia, com exceção do sector imobiliário devido à lenta atividade de construção.”
Num quadro interno em que a oposição (a que ganhou as eleições de julho e a outra) continuam a promover aquilo que o PSOE e o Sumar consideram ser um “boicote” à governação, as boas-notícias surgem desde já do exterior.
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