Alistair Darling, nascido em 28 de novembro de 1953, foi secretário de Estado do Tesouro (ministro das Finanças) sob as ordens do primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown (de 2007 a 2010), para além de ter desempenhado as mais diversas funções governativas numa altura particularmente difícil para o seu partido. Faleceu esta quinta-feira, mas o seu nome ficará para sempre ancorado à forma como, no meio de uma tempestade mundial, os britânicos conseguiram sobreviver com eficácia à crise do Subprime, que atravessou o oceano atlântico em pouco tempo.
No verão de 2007, o então novo primeiro-ministro Gordon Brown nomeou Darling para a pasta do Tesouro, uma promoção evidente e esperada. E era ali que ele estava quando, em setembro de 2007, e pela primeira vez desde 1860, houve uma corrida a um banco britânico, o Northern Rock.
Eram as primeiras metástases da crise financeira das hipotecas subprime – cujos responsáveis continuam bem de saúde – que causou uma crise de liquidez no sector bancário do Reino Unido, como aliás aconteceu um pouco por todo o lado. O Northern Rock não conseguiu responder ao impacto e deixou de conseguir captar financiamento. Darling autorizou o Banco da Inglaterra a emprestar fundos para cobrir as suas responsabilidades e forneceu uma garantia de Estado aos depósitos para tentar parar a corrida aos depósitos. O empréstimo era uma almofada que podia ascender aos 20 mil milhões de libras e Darling não tardou a ser fortemente criticado por atirar dinheiro público para um banco privado.
Antes que o impacto total da crise na economia do Reino Unido se tornasse claro (no verão de 2008), Darling deu uma entrevista ao jornal “The Guardian” em que afirmava que as condições económicas que o Reino Unido enfrentava eram “indiscutivelmente as piores em 60 anos”. No geral, dizem os analistas, a prestação de Alistair Darling foi considerada positiva: o sistema financeiro recuperou, o dinheiro dos contribuintes foi devolvido com juros e Londres manteve um elevado grau de atratividade como praça financeira.
A sua passagem pelo Tesouro terminou quando os trabalhistas perderam as eleições gerais em 2010. Darling mais tarde liderou a campanha Better Together, um grupo interpartidário que fez campanha com sucesso para que a Escócia permanecesse parte do Reino Unido no referendo de independência de 2014. Darling tornou-se membro da Câmara Alta dos Lordes em 2015.
“Alistair viveu uma vida dedicada ao serviço público”, disse o atual líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, em comunicado citado pela imprensa britânica. “Ele será lembrado como o chanceler cuja calma, experiência e honestidade ajudaram a guiar o Reino Unido através do tumulto da crise financeira global. Ele foi um defensor ao longo da vida da Escócia e do povo escocês e seu maior orgulho profissional foi de representar os seus eleitores de Edimburgo”.
O atual (e novo) ministro das Relações Exteriores, David Cameron – que na altura do subprime liderava a oposição conservadora e criticou fortemente Darling – disse esta quinta-feira que o político trabalhista “era um homem imensamente gentil e decente. Apesar de representarmos partidos adversários, sempre valorizei sua imensa contribuição e gostei de trabalhar com ele”.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com