Os dados recentes do Instituto Nacional de Estatística apontam para 6,7% de desempregados em Portugal, o que em números traduz-se em mais de 350.000 pessoas que não têm emprego. As causas são muitas: abrandamento da economia, inflação, diminuição da população ativa, entre muitas outras razões.

Infelizmente o ano de 2024 será marcado por uma contração do PIB, por uma escalada do desemprego, e por um agravar da situação social em Portugal. A asfixia fiscal das empresas e das famílias, assim como o aumento das matérias-primas e a escalada dos preços, traz necessariamente mais insolvências e mais desemprego.

O próximo Governo, seja ele de esquerda ou de direita, devia concentrar os seus esforços em criar um programa mobilizador de indústrias para Portugal. É verdade que já o devia ter feito, mas ainda vamos a tempo. Tanto mais, que vivemos um tempo em que – depois do Covid e da guerra na Ucrânia – as grandes multinacionais estão a reposicionar os seus centros de produção e as suas cadeias de abastecimento na Europa.

Portugal tem uma posição geoestratégica na Europa e no Atlântico que lhe permite ser mais competitivo face a outras geografias, porque beneficia da proximidade ao continente americano e ao continente africano.

Assistimos a um premente processo de reindustrialização da Europa que tem obrigatoriamente de alinhar com os objetivos de neutralidade carbónica até 2050. Portugal tem ativos que outros países europeus não têm, designadamente a quantidade de energia verde barata que podemos acomodar na relocalização de indústrias intensivas em carbono, bem como reservas de terras raras que temos no norte do país.

Um programa de industrialização obriga a um compromisso político nacional que dê estabilidade e previsibilidade aos investidores. Se tivermos ambição e quisermos, podemos ser o país mais atrativo da Europa para determinado tipo de indústrias, especialmente as indústrias verdes.

Para cumprir esse objetivo, teremos de identificar quais os sectores estratégicos dentro da indústria global que queremos atrair, bem como as necessidades e as condições de acesso a esse programa. Estou certo de que será tempo e dinheiro bem gasto contratar uma consultora internacional especializada que ajude o Governo a definir os eixos de ação e os mecanismos de atração desses investimentos.

Em simultâneo, o Governo deve adotar uma política industrial ativa que potencie a indústria já instalada com um pacote de incentivos ao crescimento e à modernização. A indústria cria valor ao país, gera novo emprego, ajuda a reter talento, potencia a receita fiscal, e ajuda a equilibrar a balança comercial.

Será que é assim tão difícil escolher o caminho que devemos trilhar?