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Patrocínios: Quando as marcas não perdoam escândalos

Cristiano Ronaldo tem estado no centro de um escândalo que correu mundo.
28 Outubro 2018, 16h00

Cristiano Ronaldo tem estado no centro de um escândalo que correu mundo. O internacional português está novamente a ser acusado, passados dez anos, de um alegado caso de violação, envolvendo uma antiga manequim. As marcas que patrocinam o futebolista da Juventus não escondem a preocupação. Esta semana, em declarações num comunicado, a marca desportiva norte-americana reagiu a todo o caso, dizendo-se muito preocupada com o que se está a passar com o jogador português. “Estamos extremamente preocupados com estas alegações e continuaremos a acompanhar a situação atentamente”, escreve a marca num primeiro ponto.

Relembre-se que a marca norte-americana é uma das principais patrocinadoras do internacional português, tendo mesmo um acordo de longa duração com o avançado da Juventus. Segundo as notícias de então, de 2016, Ronaldo teria assinado um contrato vitalício com a Nike que seria superior a 750 milhões de euros. O comunicado da Nike surge já depois de o desportista ter oficialmente desmentido o caso de alegada violência de que é acusado, e de a própria Federação Portuguesa de Futebol lhe ter prestado pública nota de apoio.

Já o grupo hoteleiro Pestana, associado a Cristiano Ronaldo no investimento em vários hotéis em todo o mundo, manifestou esta semana “confiança” em como a marca Pestana-CR7 não será afetada pelas acusações ao futebolista. O responsável pela área de desenvolvimento estratégico do grupo Pestana, José Roquette, respondeu “não” à pergunta feita pela agência Lusa sobre se estava preocupado com a eventual desvalorização da marca CR7, depois de Cristiano Ronaldo ter sido envolvido num caso de alegada violação de uma mulher.

“É importante dizer que o Cristiano Ronaldo tem sido um parceiro exemplar com o grupo Pestana e irá continuar a ser com toda a certeza”, disse José Roquette à margem da apresentação em Madrid do Pestana Plaza Mayor, que vai abrir portas no início de 2018. “Estamos num estado de direito e, portanto, existe a presunção de inocência até prova em contrário, e estamos confiantes de que tudo vai continuar com o mesmo dinamismo que temos tido”, concluiu José Roquette.

A EA Sports voltou atrás na decisão de excluir Ronaldo da página principal do site do videojogo FIFA 19, do qual o internacional português é a imagem de capa, em conjunto com Neymar. A empresa disse estar a acompanhar o escândalo com atenção: “Estamos a monitorizar a situação, pois esperamos que os atletas que patrocinamos e embaixadores se comportem de uma forma condizente com os valores da EA”.

Já a marca italiana de lingerie Yamamay garante que vai manter Cristiano Ronaldo como rosto da última campanha publicitária da marca. Apesar das acusações de violação de que o avançado da Juventus está a ser alvo, o CEO Gianluigi Cimmino afirmou em declarações ao “Corriere dello Sport’” que a imagem da Yamamay não vai sair afetada.

“Estamos em plena campanha, não mudamos o nosso plano de investimentos e continuamos a nossa trajetória publicitária, que está a correr muito bem, porque acreditamos que, nestes casos, a presunção de inocência é sempre válida “, explicou.

Ações da Juventus em queda

Esta semana, os títulos da equipa orientada por Massimiliano Allegri acumularam uma desvalorização de 22,67%, estando a negociar no ‘vermelho’ há oito sessões consecutivas. As ações da Juventus já perderam quase um quarto do seu valor bolsista, com as suspeitas de que Cristiano Ronaldo terá alegadamente violado a antiga modelo norte-americana Kathryn Mayorga. A alegada violação  pelo futebolista português foi noticiada pela revista alemã “Der Spiegel”, no final do mês de setembro. A reagir às acusações, as ações da Juventus, que tinham registado ganhos após a contratação de Cristiano Ronaldo, começaram a inverter a tendência. Desde o máximo histórico de 1,813 euros, atingido em 19 de setembro, as perdas acumuladas do clube chegam aos 31,9%.

Beckham, Ericksson e Woods

O futebolista David Beckham já passou pelo mesmo. Em 2004, o ex-jogador recebia anualmente 370 milhões de euros em contratos publicitários com a Pepsi, Vodafone, Marks & Spencer, Siemens e Adidas. Quando rebentaram os escândalos extraconjugais, os contratos não foram renovados. Nesse ano, a antiga assistente pessoal de Beckham, Rebecca Loos, afirmou que manteve uma relação íntima com o jogador numa entrevista ao jornal americano “The News of the World”. Dias depois, surgiu um novo escândalo: a imprensa inglesa noticiou o envolvimento do médio inglês com a modelo espanhola Esther Canadas. Para apimentar ainda mais a história, as jovens suecas Frida Karlsson e Lenha Stenberg garantiram ter passado uma noite com Beckham na suite do hotel Hilton de Basileia, na Suíça.

O treinador sueco Sven Göran Eriksson, que já foi o segundo mais bem pago do mundo, passou pelo mesmo problema. Entre 2002 e 2004, a imprensa revelou um caso com a apresentadora de televisão Ulrika Jonsson e, em 2004, o técnico, casado com uma advogada italiana, foi acusado de assédio sexual por Faria Alam, secretária da Federação Inglesa de Futebol. Os escândalos, aliados aos maus resultados, valeram-lhe a saída da seleção da Inglaterra e o cancelamento de alguns contratos de publicidade para promover a imagem de Inglaterra. Mais tarde, foi para o México e esteve para vir para o Benfica. Passaria depois pelos campeonatos inglês e chinês. Em 2009, já depois dos escândalos, foi um dos protagonistas do novo anúncio da Kleenex, uma marca de lenços de papel. Em 2009, a revista “Forbes” anunciou Woods como desportista mais bem pago do mundo, com uma fortuna acumulada de mil milhões de dólares (hoje em dia é de 1,5 mil milhões). No entanto, na sequência de vários casos de adultério, as marcas começaram a abandonar o green de patrocínios. Os problemas de saúde (foi sujeito a várias operações às costas) também não ajudaram.

A Gatorade foi a primeira. Apesar de a empresa ter anunciado, em comunicado, que a decisão já tinha sido tomada há alguns meses, a imprensa internacional atribui a quebra de contrato ao receio das repercussões financeiras geradas pelo escândalo. A Tag Heuer, a Electronic Arts e a Gillette também tinham acordos de imagem com o jogador.

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