Quando Paul Newman foi nomeado para o Óscar de melhor ator em 1987, pelo filme “A Cor do Dinheiro”, já há muito que tinha decidido não se apresentar na cerimónia. Afinal, já antes tinha sido nomeado por filmes e atuações muito melhores, como “Gata em Telhado de Zinco Quente” (1958) ou “O Presidiário” (1967). E nestes, como noutros filmes memoráveis, a Academia fez vista grossa. Agora queriam dar-lhe (e deram…) o Óscar para lavar as consciências e ele, sendo o Paul Newman, não quis participar na pequena farsa.
Hoje, na sua 25ª hora, António Costa faz a apresentação do lançamento do concurso para a Alta Velocidade. A mesma que anda a ser discutida há décadas e que agora é urgente lançar. É um presente meio oco que o PS (agora) de Pedro Nuno Santos lhe dá para que não saia de oito anos de governação sem uma única grande obra, uma reforma que fique na história.
Na verdade, António Costa pouco fez pela ferrovia nacional, pelos seus projetos, por reformas de fundo em todos os transportes. Um deserto, de ideias e de atos. Mas hoje lá estará, com certeza, na cerimónia, para juntar o seu nome ao de tantos outros que proclamaram o “dia histórico” do TGV nacional. António Costa pode até ser o melhor ator da política nacional, mas não é nenhum Paul Newman.