Tiago Roquette Geraldes, head of Venture Capital & Private Equity da IMGA, na conferência do JE Advisory, que decorreu em Lisboa esta quarta-feira, começou por contextualizar que está na área do “buy side” para dizer que “houve um progresso enorme em 10 anos, não só a economia começou a ganhar velocidade, com a ajuda do turismo, como agora com o PRR e os programas do Banco de Fomento, passou a haver algum capital. Esse capital existe e vai ser aplicado”.
Há bancos de investimento e boutiques financeiras à procura de oportunidades, revelou Tiago Roquette Geraldes, que acrescentou que “quando isso acontece começa a criar-se um círculo virtuoso”.
“É preciso manter a estabilidade fiscal ao nível dos investidores particulares”, defendeu ainda o gestor da IMGA.
Em relação ao tema de como captar capital, Tiago Roquette Geraldes, lembrou que, “por toda a Europa e patrocinado pela própria Comissão Europeia, já existem Organismos de Investimento Coletivo que vão buscar capital aos investidores particulares para fazerem os investimentos em Private Equity e Venture Capital – os ELTIFs. Em Portugal ainda não estamos nessa fase, de juntar capital particular a capital institucional para fazer esses investimentos mas isso acabará por acontecer cá, pois já acontece em Espanha, Itália e França”.
“A minha expectativa é que os montantes que são geridos pelo Banco de Fomento entrem finalmente em jogo em 2024 e 2025”, defendeu o gestor.
“Eu tenho neste momento investidores alemães que vivem em Portugal e fizeram três investimentos no país no ano passado e conheço outro que estava nos EUA e que, de repente, vem para Portugal e traz consigo a sua ligação ao seu mercado nativo”, revelou Tiago Roquette Geraldes.
Questionado sobre se a política pode impactar no mercado, o gestor respondeu: “julgo que não, desde que não se parta nada”.
“Eu sou favorável à alteração que foi feita ao Regime dos Residentes Não Habituais, em termos teóricos, mas cada vez que há uma alteração temos que saber que o custo de adaptação é muito grande”.
O Director de Fundos de Capital de Risco da IMGA antevê que, à semelhança do que acontece nos Estados Unidos, os fundos de private equity europeus começem a olhar para a descarbonização.
Tiago Roquette Geraldes disse ainda que os fundos de private equity olham para as fusões e aquisições considerando o potencial risco de execução pós-transação. “O português gosta muito do minifúndio”, o que é um factor de risco nos processos de fusões.
As aquisições e as fusões são factores geradores de eficiência, defendeu.
Tiago Roquette Geraldes considera que o papel dos fundos de private equity é relevante para as empresas e reconhece que no caso da IMGA a escolha é ser um acionista relevante em cada empresa onde investe, sendo obrigatório haver um plano de internacionalização.
O gestor revelou que a percepção que os private equities têm hoje nas camadas mais novas da população é bastante positiva, citando mesmo casos de recém-licenciados que se mostraram disponíveis para trabalhar em private equities em Portugal, em detrimento de irem para grandes bancos de investimentos internacionais.
Sobre a Inteligência Artificial Generativa, disse que está a entrar em todos os tipo de indústria, incluindo nos private equities.
Desde maio de 2015, a IMGA é detida na sua totalidade pelo Grupo CIMD, um dos maiores grupos independentes nos mercados financeiros e de energia da Península Ibérica. O presidente da gestora de fundos é Iñigo Trincado Boville.
A conferência subordinada ao tema “Consolidar para Crescer – o papel do M&A na competitividade da economia portuguesa”, organizado pelo Jornal Económico, teve um painel intitulado “Consolidar para crescer”, em que participaram Duarte Schmidt, sócio e co-Coordenador de Corporate M&A da PLMJ; Francisco Alvim, head of M&A da Howden Portugal; João Nuno Palma, vice-presidente do Millenium BCP; e Tiago Roquette Geraldes, head of Venture Capital & Private Equity da IMGA.
Sobre a imagem em Portugal dos fundos de private equities, no geral, todos consideram que a percepção é cada vez mais positiva, e mesmo nos políticos “há uma melhor percepção e mais confiança no papel deste tipo de agentes” disse, por sua vez, Francisco Alvim que lembra que foram alguns desses fundos que permitiram a continuidade de alguma empresas portuguesas (como o Novobanco e a Efacec).
O responsável da Howden disse que os private equity já estão a ser incorporados pelos programas políticos, nomeadamente, o da AD que faz várias referências a capital de risco e a fusões.
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