Apesar de já existir há alguns anos, ganhou recentemente mais popularidade, sobretudo entre os jovens que ambicionam a liberdade profissional para escolher mais do que uma vocação.
O percurso tradicional de fazer carreira numa só área deixou, portanto, de ser aliciante para muitos profissionais. Aliás, esta tendência registou uma aceleração durante e após a pandemia, com os trabalhadores a exigirem maior flexibilidade e autonomia, encontrando maneiras de obter rendimentos extra.
Será o slashing um dos fenómenos que ajudará a acelerar ainda mais as mudanças no mercado de trabalho?
O termo “slasher” foi cunhado originalmente por Marci Alboher, autora do livro One Person/Multiple Careers: The Original Guide to the Slash ‘/’ Career (2007). Desde então, este conceito popularizou-se internacionalmente, referindo-se aos indivíduos que não conseguem dar resposta à pergunta “Qual é o teu trabalho?” numa única palavra ou frase.
Pois bem, o slashing refere-se ao conceito de combinar duas ou mais carreiras, que representam fontes diversas de rendimento. Estes profissionais nasceram, portanto, da gig economy — um mercado de trabalho fortemente dependente do trabalho temporário e do part-time. E embora o slasher possa ocupar cargos a tempo integral, o trabalho temporário e o freelancing é o que mais o define.
Nesse sentido, defende Marci Alboher no seu livro, o slashing permite cultivar múltiplos talentos, paixões e fontes de rendimento. Desse modo, os profissionais sentem uma maior realização profissional e pessoal. Por exemplo, o slasher pode ser um professor/escritor ou um produtor de conteúdos/programador.
A revista Forbes diz, acerca do slashing, que os millennials se definem, precisamente, por serem uma geração com múltiplas paixões, olhando com ansiedade para a via única do trabalho tradicional.
O slashing aparece, assim, como alternativa, fomentando a aquisição de novas competências. Em certa medida, pode então incluir estratégias como o reskilling e o upskilling. Entre os seus benefícios contam-se os seguintes:
Não obstante, devemos constatar que o slashing engloba alguns desafios. Com duas ou mais carreiras, o profissional precisa de muita disciplina para não entrar em burnout devido à carga de trabalho adicional.
Além disso, o slashing pode ser visto de dois ângulos por potenciais clientes/empregadores:
Também a ameaça do desemprego é maior, sobretudo em épocas de cortes de custos. Ou seja, os trabalhadores freelancers ou outros colaboradores externos estão entre os primeiros a serem alvo desses cortes.
Um relatório de 2023 do Bank of America revelou que o boom da gig economy está agora em queda, com a diminuição de anúncios de vagas para empregos part-time e freelancer nos Estados Unidos da América.
De acordo com este relatório, a percentagem de clientes do banco que obtêm rendimentos através de empregos da gig economy caiu para 2,7%, em fevereiro de 2023. De notar que, em março de 2022, atingira um máximo de 3,3%. Além disso, frisa o banco, o trabalho tradicional está a recuperar.
Apesar desses dados, a revista Forbes refere que entre a inflação elevada, os despedimentos em massa e os anúncios de emprego “fantasma”, cada vez mais profissionais se orientam para o trabalho independente — que, por sua vez, é um veículo para o slashing.
Aliás, num estudo citado pela revista, conclui-se que 70% dos jovens da geração Z, globalmente, estão a trabalhar em regime de freelancer ou pretendem fazê-lo no futuro. A revista frisa igualmente que as competências mais procuradas, neste momento, estão viradas para a inteligência artificial.
Em suma, o futuro do trabalho — e, por sua vez, do slashing — assenta na adaptação dos profissionais a novas ferramentas e formas de trabalhar, exigindo uma constante aprendizagem de skills diversificados.
Assim, o slasher poderá vir a ser o tipo de trabalhador mais comum num futuro pautado por incerteza, em que os profissionais têm de estar preparados para mudanças drásticas nos modos de trabalhar.
Este artigo é da autoria da Gi Group Holding.
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