Numa altura em que o Portugal assiste a um agravamento do número de casos confirmados, internamentos e mortes por Covid-19, alguns representantes do Estado já enfrentaram o risco de infeção. Face ao aumento de novas infeções, o tema voltou à ribalta: devem os líderes políticos entrar no grupo prioritário de vacinados?
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social testou positivo à Covid-19, fazendo dela o terceiro membro do Governo infetado com o novo coronavírus, desde o início da pandemia.
De acordo com o nota do Governo divulgada, esta quinta-feira, Ana Mendes Godinho tem “sintomas ligeiros e encontra-se em confinamento domiciliário” desde ontem, altura em que participou no Conselho de Ministros, através de uma videochamada.
Antes da responsável pela pasta do Trabalho, já o ministro do Planeamento tinha testado positivo à Covid-19, em novembro. O diagnóstico positivo de Nelson de Souza, que tinha inicialmente sido negativo, chegou na sequência da infeção do secretário de Estado do Planeamento, Ricardo Pinheiro, no mesmo mês. Também o ministro da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor entra na lista de infetados depois de em outubro ter recebido um diagnóstico que confirmava a infeção.
Marcelo Rebelo de Sousa foi o quarto representante do Estado que testou positivo ao novo vírus, embora os três testes realizados posteriormente indiquem que o Presidente da República não está infetado.
O chefe de Estado português, que no início da pandemia chegou a cumprir uma quarentena voluntária, escapou por duas vezes esta indicação preventiva, este mês, depois de um assessor e de um segurança da Presidência terem testado positivo. Segundo as orientações da Direção-Geral de Saúde (DGS), ambos os contactos com Marcelo Rebelo de Sousa foram de “baixo risco”, porém, o governante ficará em “vigilância passiva durante 14 dias”, o que significa, designadamente, “não frequentar locais com aglomerações de pessoas”, segundo indica uma nota do Palácio de Belém.
O número de membros do Governo e representantes do Estado com casos confirmados está em nível de igualdade quando se compara com e as situações de isolamento profilático.
Os mais recentes são os ministros do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes e o Ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos que se encontram isolados depois de terem estado em contacto com Ana Mendes Godinho, que, apesar de estar agora infetada, já esteve em isolamento profilático, em dezembro, depois de ter tido “contacto com um caso positivo de Covid-19”. Segundo o “Correio da Manhã“ esse contacto terá sido com a própria filha. Na altura o teste de Ana Mendes Godinho regressou negativo.
Por sua vez, António Costa já bisou deste recolhimento preventivo. A primeira vez, foi em outubro, quando se soube que Conselheiro de Estado, António Lobo Xavier estava infetado. Na altura, o primeiro-ministro e o Presidente da República testaram negativo, tal como os restantes cinco Conselheiros de Estado (Jorge Sampaio e Aníbal Cavaco Silva, Francisco Pinto Balsemão, Leonor Beleza e Francisco Louçã) e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen — todos presentes na mesma reunião Conselho de Estado. O teste negativo obrigou, no entanto, a que António Costa a cancelasse toda a agenda que exigia a sua presença física, naquele período.
Em dezembro, o chefe do Governo viu-se obrigado a cumprir um novo isolamento de 10 dias depois de ter estado no Palácio do Eliseu, em Paris, com o presidente francês, Emmanuel Macron, que se encontrava infetado com o novo coronavírus. Ao fim desse período, António Costa fez um novo teste cujo o resultado veio negativo.
O representante parlamentar e líder do PSD também se encontra, atualmente, a cumprir esta indicação da DGS depois de ter estado em contacto com um caso positivo. Esta semana, o Rui Rio anunciou que embira o teste à Covid-19 tenha regressado negativo, irá “cumprir as regras” que indicam que os contactos próximos de positivos se mantenham em isolamento até ao 10º dia.
Na Madeira, o presidente da Assembleia da Madeira, José Manuel Rodrigues está em isolamento profilático desde sábado, depois de ter participado a 29 de dezembro, na tomada de posse dos novos órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia da Calheta, “onde uma das pessoas presentes veio a testar positivo com SARS-COV-2 no dia 1 de janeiro”.
Vacinar já as principais figuras de Estado? PS e PSD dizem que sim
E alguns países também. Nos Estados Unidos figuras como Joe Biden, Mike Pence, Barack Obama e Nancy Pelosi estiveram entre as primeiras pessoas a ser vacinadas como forma de dar o exemplo e de incentivar à vacinação grande parte da população ainda cética relativamente aos potenciais efeitos secundários de vacinas produzidas contra-relógio.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu foi o primeiro no seu país a receber a inoculação, à semelhança da Republica Checa que vacinou o hómologo, Andrej Babiš e na Sérvia, onde Ana Brnabić, a chefe de Governo do país, foi a primeira vacinada. Já Mohammed bin Rashid Al Maktoum, primeiro-ministro e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos e emir do Dubai, foi o primeiro a receber a inoculção da vacina chinesa, embora esta ainda não tenha a aprovação das entidades reguladoras de saúde.
Na Rússia e da Argentina os chefes de Estado já confirmaram que seguirão a mesma tendência e irão priorizar os representantes do Governo.
Por cá, a prioridade foi dada aos profissionais de saúde na linha da frente e os utentes e funcionários dos lares de idosos e cuidados primários. Porém, a conversa mudou de tom quando o Presidente da República indicou um teste positivo à Covid-19. E, apesar de entretanto Marcelo Rebelo de Sousa ter tido um resultado contraditório em três outras análises, isso poderá mudar.
Ricardo Batista Leite, deputado do Partido Social Democrata (PSD), já tinha dito que seria “perfeitamente razoável” que as principais figuras do Estado fossem já vacinadas. Enquanto que o Partido Socialista (PS) defendeu que assunto deva ser “ponderado”, admitindo que poderá fazer sentido essa opção. António Costa tem defendido que não vacinar os líderes em primeiro lugar foi “a opção correta”, porém, numa entrevista ao “Observador”, Francisco Ramos, o coordenador da task force criada para gerir o processo de vacinação, revelou que a inclusão dos líderes políticos no grupo prioritário “ainda está a ser equacionada”.
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