Num discurso num hotel em Lisboa, no âmbito da apresentação do programa eleitoral do Chega para as europeias, André Ventura defendeu que os acordos da União Europeia (UE) com países como a China são o que está a “destruir a agricultura europeia”.
“Famílias inteiras estão a ser destruídas porque temos a China a entrar aqui com produtos muito mais baratos, a América Latina a entrar aqui com produtos muito mais baratos, e assim sucessivamente por outros países do mundo”, disse.
O líder do Chega sustentou que, se a UE quer “implementar uma política de direitos humanos a sério”, então não deve apenas exigir aos seus Estados-membros que os cumpram, mas também que os países com quem tem acordos comerciais o façam.
“Para nós, tem de ser simples: países que não cumpram os direitos humanos e laborais não podem exportar para a UE”, disse.
No programa eleitoral do Chega, com o título “A Europa precisa de uma limpeza”, o partido defende a revisão dos acordos de comércio livre “com países de outras regiões mundiais alvo de crítica à concorrência justa, devido à importação de bens alimentares mais baratos, alegadamente com regras de produção menos estritas”.
No seu discurso, André Ventura alegou que a UE “teve um milhão de pedidos de asilo” no ano passado e defendeu a deportação de imigrantes ilegais, apesar de dizer que não concorda com a ideia de uma “Europa fortaleza”.
“Quem quer vir para este continente viver tem de fazer uma coisa, e tem de pôr uma coisa na sua cabeça é: ou cumpre regras ou será deportado para o seu país de origem”, disse.
Sobre este tema da imigração, o Chega defende também, no seu programa eleitoral, a revogação do acordo de mobilidade com a CPLP, a revisão da lei da nacionalidade ou “a eliminação de toda e qualquer ajuda e subvenção nacional e comunitária às ONG que apoiem a imigração ilegal”.
Neste discurso, em que, com a exceção da agricultura e da imigração, não abordou as propostas do Chega para as europeias, André Ventura deixou também críticas aos adversários do partido.
Sobre o cabeça de lista da Aliança Democrática (AD), Sebastião Bugalho, disse parecer “um jovem tirado do século XIX”, que podia ser “uma personagem do Almeida Garrett ou do Eça de Queirós”, e que tem ar “de quem toma copos no Bairro Alto à noite, mas depois usa aquele casaquinho de malha”.
Já sobre a cabeça de lista do PS, Marta Temido, considerou que a sua escolha é “um sinal” de que o PS “não se consegue renovar” e “já não tem ninguém competente para apresentar: apresenta sempre os mesmos de sempre”.
Sobre os outros candidatos, Ventura disse que estão numa liga inferior à do Chega, mas quis deixar uma palavra ao cabeça de lista da IL, João Cotrim Figueiredo, que acusou de estar a abandonar o partido “no seu momento mais difícil”, para ir “para um exílio dourado”.
“Temos de lhe dizer o óbvio: (…) ‘você não é diferente do António Guterres, que deixou Portugal para ir para outro exílio, ou de Durão Barroso, que deixou Portugal para ir para a Comissão Europeia. É um traidor, como todos os outros traidores”, acusou.
No final do discurso, Ventura considerou que as eleições europeias podem vir a ser “o barómetro de outras que possam vir a acontecer” e assumiu o objetivo de as vencer.
Antes de André Ventura, o cabeça de lista do Chega, António Tânger Correia, defendeu que o que se passa hoje em Bruxelas “é mais importante do que o que se passa em São Bento” e disse que é preciso “devolver Portugal aos portugueses”.
“Nós somos a favor de uma UE forte, estável, espaço de paz, mas de nações soberanas. Nós repudiamos qualquer forma de federalismo ou de interferência na soberania nacional. Nós vamos representar não só Portugal, mas o que nós consideramos os bons valores do Ocidente”, assegurou.
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