Como é sabido, as eleições para o Parlamento Europeu estão marcadas para o domingo de 9 de junho e é provável que muitas pessoas marquem férias nessa altura, aproveitando o feriado de 10 de junho.
Teme-se, por isso, uma abstenção muito alta – talvez até acima do máximo de 69,3% em 2019 –, pelo que deixo o meu apelo ao voto e informo que o poderão antecipar para dia 2 de junho, após inscrição entre 26 e 30 de maio na plataforma www.votoantecipado.pt do Ministério da Administração Interna.
Apesar da abstenção habitualmente alta denotar um afastamento dos portugueses dos temas europeus, um barómetro recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos confirma que o nosso país é europeísta, com a grande maioria dos inquiridos a considerar benéfica a adesão à União Europeia (UE) e ao euro (mais de 90% e 70%, respetivamente), ajudando a explicar que a sociedade portuguesa tenha uma imagem mais positiva da UE do que a União no seu todo (65,4% face a 45%).
De forma associada, os portugueses confiam mais nas instituições europeias do que nas congéneres nacionais (66,1% no Parlamento Europeu e 65,5% na Comissão Europeia, face a apenas 38,3% no Parlamento nacional e 37,0% no governo).
De forma sintomática, pouco mais de 50% dos portugueses afirma que os nossos eurodeputados representam adequadamente os interesses nacionais. Esta é uma estatística que os candidatos atuais desejam melhorar, especialmente em áreas onde a satisfação nacional com a resposta da UE é menor, como na redução da pobreza e das desigualdades, bem como na gestão da imigração de países fora da Europa.
Olhando para os programas eleitorais já apresentados pela AD e PS, as propostas mais distintivas na área económica (com potencial para reduzir a pobreza) parecem ser a redução da regulação e da burocracia, visada pela AD, e o mecanismo permanente anti-cíclico de resposta a crises do PS.
Para reduzir as desigualdades, a AD propõe combater a precariedade laboral e fortalecer a negociação coletiva, enquanto o PS pretende lançar uma agenda europeia para o trabalho digno e um complemento europeu ao subsídio de desemprego. Na imigração, a AD propõe “melhorar o Pacto da UE para Migração e Asilo, reforçando os canais de migração legal”, e o PS foca-se em “adotar uma postura humanista e solidária”.
Muitos analistas consideram que as eleições europeias serão a segunda volta das legislativas, mas perante o quadro de abstenção que se perspetiva e os temas específicos, poderá ser difícil extrapolar resultados.